<
>

Guardiola fala à ESPN: melhor brasileiro com quem trabalhou, 'alfinetada' no United e 'obrigação' de título na Champions League

play
Guardiola elege o melhor jogador brasileiro com quem trabalhou e rasga elogios: 'Um grande cara' (0:20)

Técnico do Manchester City concedeu entrevista exclusiva ao repórter João Castelo-Branco (0:20)

Neste sábado (3), o Manchester City faz clássico contra o arquirrival Manchester United, às 11h (de Brasília), com transmissão, valendo o troféu da FA Cup, a Copa da Inglaterra. O duelo terá transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.

Será a chance do técnico Josep Guardiola dar sequência ao sonho da "Tríplice Coroa" na temporada 2022/23. Até o momento, os Citizens já faturaram a Premier League e agora querem também com as taças da FA Cup e da Uefa Champions League.

Em entrevista exclusiva à ESPN, Pep falou sobre a ansiedade para a partida e deu uma "alfinetada" nos Red Devils, exaltando o domínio celeste em Manchester nos últimos anos.

"É verdade fomos melhores que eles nestes anos. Eles (United) passaram muitos anos vencendo sempre. Não tem problema ficarem alguns anos sem ganhar", disparou o treinador.

Na conversa com a reportagem, o comandante também salientou que o título da Champions é obrigatório para os Citizens se o clube quiser subir de patamar e ser colocado no rol dos grandes europeus.

"Para ir ao próximo nível, temos que ganhar a Europa. Para ser uma equipe reconhecida de verdade, goste ou não, temos que ganhar a Europa", sintetizou.

Guardiola ainda falou sobre a espetacular campanha de recuperação do City na Premier League, tirando larga vantagem do Arsenal para fechar com o título, e ainda dissertou sobre alguns de seus temas favoritos, como a seleção brasileira de 1982, o melhor jogador brasileiro com quem trabalhou e até o tenebroso clima chuvoso e nublado da Inglaterra.

Confira a entrevista de Pep Guardiola à ESPN:

ESPN: Manter este nível do Manchester City durante muitas temporadas, especialmente na Inglaterra. Ganhar, ganhar e ganhar. É muito difícil, não?
Josep Guardiola: Sim, mas é isso que importa. Se fosse fácil, outros estariam aqui. Tem que ser difícil para ter valor.

ESPN: Esta temporada foi de muita superação. Mudanças táticas, de jogadores, de mentalidade na metade do caminho. Você teve que trabalhar muito, reagir...
JG: Durante uma temporada, começando em agosto, setembro, nem tudo é perfeito. Uma temporada sempre tem momentos de altos e baixos. Momentos em que você está melhor. Os adversários também jogam. O importante é saber que você vai ter momentos ruins. No campo e fora dele. E como agir para que os momentos ruins durem pouco. E os momentos bons durem mais tempo. No geral, o ânimo estava muito bom. Na primeira metade, não estávamos bem porque havia outra equipe, o Arsenal, que estava excepcional. Contra isso, vamos, seguimos, sempre próximos. Não faltava muito, vamos pressioná-los. E no final, voltamos a ter esta alma tão competitiva deste jogadores que estão assim há tantos anos.

ESPN: Mas quando você faz essa mudança de mentalidade, quando faz uma inovação tática, isso te dá mais satisfação pelo trabalho?
JG: Não fizemos tantas inovações táticas. Foi muito parecido. Usávamos o Haaland, porque é um jogador especial. Mas a forma de jogar foi parecida.

ESPN: Quando o Rico (Lewis) entra, também...
JG: Sim! Mas antes entrava o Cancelo, entrava o Kyle Walker, nos anos anteriores. Sim, jogamos mais com um zagueiro, com o John Stones, quando entrava mais um lateral. Mas foi parecido. Às vezes atacamos, fazemos coisas diferentes. Mas pelo outro time fazer coisas diferentes. E quando jogamos contra uma defesa de cinco, é diferente de jogar contra uma defesa com quatro. E se jogam com um atacante alto, ou com um "falso ponta". As coisas mudam, mas a forma é muito parecida.

ESPN: Como grupo, esta pode ser a equipe mais completa que você montou?
JG: Não, a equipe é boa, mas as dos anos anteriores também eram. Quando fizemos 100 pontos na liga, por exemplo, você tem que ter uma equipe boa. Mas é verdade, a equipe voltou a ser muito boa neste ano.

ESPN: Quando falamos uma vez durante uma entrevista, você falou com muita admiração sobre o Brasil de 1982. Mas quando o Brasil perdeu, falamos muito sobre uma mudança para um futebol mais pragmático. Levando isso em conta, a vitória do Manchester City, e também com o Barcelona, os seus títulos com o City... Isso pode ser uma vitória para o futebol?
JG: Não sei. A verdade é que não sei.

ESPN: Porque há uma influência, não?
JG: Pode ser, não sei a influência que temos sobre as pessoas. Os êxitos só chegam se as pessoas que agem, o treinador, o clube, os jogadores, acreditem naquilo que fazem. Você falou de 1982, não ganharam (a Copa). E tivemos um mundo mais pragmático no Brasil. A pergunta é, o Brasil sempre ganhou o Mundial jogando igual ou de outra maneira?

ESPN: Mas o futebol, no geral, passou por um período mais pragmático.
JG: Não sei. Foi pragmático porque os treinadores desses momentos queriam jogar desta maneira. No fim, as equipes jogam como o treinador quer. E pelos jogadores que têm. Se essas coisas caminham juntas, as equipes jogam. Se ganhamos assim, todos que ganham fariam assim. É um equívoco. O treinador tem que fazer o que sente. Eu quero que minha equipe, com estes jogadores, joguem desta maneira. Porque, desta maneira, estamos mais próximos de ganhar. Com grandes possibilidades de perder, porque todo mundo perde. Todo mundo perde. O que é muito difícil é tentar ganhar com algo que outros usaram para ganhar. E que falam que é a melhor maneira de ganhar. E se você entrar nessa, vai falhar.

ESPN: Neste momento, o City já está entre os grandes do mundo, não? Mas se ganhar a Champions League, sobe mais na história? Isso é importante para o clube?
JG: Evidentemente, sim.

ESPN: O que muda?
JG: A Champions, no meu ponto de vista, não vai tirar... as pessoas vão falar, mas ela não vai tirar o que fizemos. O que fizemos foi extraordinário. Mas se chegamos aqui, (para ir) ao próximo nível, temos que ganhar a Europa. Para ser uma equipe reconhecida de verdade, goste ou não, temos que ganhar a Europa.

ESPN: Antes, vocês têm a final da FA Cup contra o Manchester United. É uma final muita bonita para o futebol inglês, não? Com esses rivais de uma cidade.
JG: Com certeza. Nunca havia acontecido. Eu não sabia que nunca uma final da FA Cup havia sido entre United x City, City x United. E que sorte poder jogá-la.

ESPN: Quando você chegou, imaginava que poderia superar o domínio que tinha o United? Agora, o City está ao contrário...
JG: Antes que eu chegasse, desde a saída de Sir Alex Ferguson (as coisas mudaram). Antes, (o City) ganhou com (Roberto) Mancini, com Manuel Pellegrini, já haviam vencido o United. Mas é verdade fomos melhores que eles nestes anos. Eles (United) passaram muitos anos vencendo sempre. Não tem problema ficarem alguns anos sem ganhar.

ESPN: Para terminar, Pep, duas perguntas rápidas para respostas rápidas. O que você mais gosta na Inglaterra?
JG: O clima, não. Prefiro o Brasil. O clima, não. Gosto de muitas coisas na Inglaterra. Gosto do respeito pelos esportistas. O respeito pelo treinador. A cultura de trabalho. Eu gosto. Gosto da liga. E também gosto da Alemanha, da Espanha, da Catalunha. Eu me adapto a todos os lugares.

ESPN: E para fechar, qual foi o melhor jogador brasileiro com quem você trabalhou?
JG: Ronaldo Nazário. Fenômeno. Que tristeza quando ele foi (do Barcelona) para a Inter (de Milão). Que tristeza. Que jogador. E que grande cara!

Onde assistir à final da Copa da Inglaterra entre United e City?

Manchester City x Manchester United, neste sábado (3), às 11h (de Brasília), pela final da Copa da Inglaterra, tem transmissão ao vivo pela ESPN no Star+