Conhecido no Brasil por suas passagens por Palmeiras, Sport e Chapecoense, o atacante Leandro Pereira atualmente veste a camisa do Gamba Osaka, na elite do Campeonato Japonês.
Aos 30 anos, ele está no futebol nipônico desde o início de 2019, quando se transferiu para o Matsumoto Yamaga. Depois, passou pelo Sanfrecce Hiroshima, um dos gigantes do futebol local, antes de chegar ao Gamba, na atual temporada.
Em entrevista ao ESPN.com.br, Leandro, que foi campeão da Copa do Brasil e do Brasileirão pelo Palmeiras, festejou o sucesso na Ásia e se disse impressionado com os ensinamentos táticos que aprendeu desde que foi atuar no exterior.
"O Japão é um país fenomenal. Surgir a chance de vir para cá durante minha 2ª passagem pela Chape [em 2018], mas eu fiquei meio em dúvida, porque nunca tinha vindo para a Ásia. Mas eu quis uma experiência nova e vim. Acabou que me surpreendi de forma positiva", contou.
"Aqui é um país muito tranquilo e gostoso para morar. No início, só foi um pouco difícil acostumar com o futebol local, porque é muito intenso e rápido. Eles cobram muito a questão tática também o tempo todo", relatou, antes de explicar suas novas funções em campo.
"No Brasil, o centroavante só joga do meio para frente, não marca e só fecha. Aqui, temos que marcar quase como um volante. E, na hora de atacar, tem que ser intenso. No início, fui até conversar com o treinador e disse que estava sendo difícil acostumar, mas ele me falou: 'Primeiro, você vai fechar os espaços, depois você pensa no gol'. Para mim foi um baque! Mas depois de alguns meses eu entendi como funcionava e foi mais tranquilo", salientou.
Além das diferenças no futebol praticado, o Japão também tem muitos outros fatores fora do campo que não se assemelham ao Brasil.
"Andei muito de trem-bala para ir aos jogos aqui, é um dos tipos mais comuns de viagem. Só que se você atrasar um, dois minutos, você já não pega. É impressionante, porque não atrasa. E aqui também tem terremotos direto! Às vezes dá até uma tontura, já peguei uns fortes e outros fracos", lembrou.
Com contrato até o final de 2022 em Osaka, Leandro faz planos de seguir no futebol asiático.
"Estou muito feliz, tranquilo e adaptado aqui. Venho de quatro boas temporadas e me acolheram muito bem. Claro que ainda tenho vontade de jogar no Brasil, mas meu pensamento hoje está no Japão. Gosto muito de jogar aqui", comentou.
As maluquices dos torcedores
Outro fator que Leandro Pereira gosta no futebol japonês é a relação carinhosa com os torcedores locais.
No país asiático, é muito comum que os jogadores favoritos dos fãs sejam "transformados" em todo tipo de produto de merchandising. Com o brasileiro não foi diferente.
"A torcida aqui é muito legal. Já virei chaveiro, bolacha, estampa de camisa, de caneca, de xícara de café, adesivo de carro (risos)... O pessoal gosta muito do futebol aqui, eles são fanáticos. Mas, ao mesmo tempo, são muito educados, carinhosos e receptivos", elogiou.
"No Brasil, você faz um jogo ruim e já não presta. Aqui, é muito difícil eles reclamarem depois dos jogos. Além disso, estão sempre presentes para apoiar nos jogos e treinos. Eu acho tudo isso muito bacana, e fico até um pouco constrangido quando a gente perde, porque sinto que temos que dar a vida por esse caras", ressaltou.
No Japão, também é prática usual que torcedores presenteiem seus jogadores favoritos, o que é visto como uma atitude de enorme respeito e admiração.
Durante suas passagens por Sanfrecce Hiroshima e Gamba Osaka, Leandro Pereira já ganhou de tudo um pouco... Mesmo!
"Eu já ganhei muitos presentes das torcidas, de tudo que é tipo. Numa dessas, teve até uma situação que foi bem engraçada e diferente (risos). A gente estava em uma loja multimarcas daqui, no tempo em que eu estava jogando no Sanfrecce. Nesse dia, duas moças estavam na loja e pediram para tirar uma foto comigo", rememorou.
"Elas estavam com uma sacolinha na mão, mas foram embora. Aí passou um tempo, eu ainda estava na loja e elas apareceram de novo. Aí me entragaram a sacola e falaram: 'É um presente para você'. Eu agradeci, mas não abri a sacola na hora e fui para casa depois. Achei que fosse um ursinho, alguma coisa assim, sei lá... Eu não sei se elas confundiram as sacolas, mas, quando eu cheguei em casa, era um vibrador (risos)!", gargalhou.
A história acabou virando motivo de piada entre os colegas de equipe do ex-palmeirense.
"Era um vibrador tipo daqueles pequenos, de controle remoto. Eu pensei: 'Elas devem ter se confundido com as sacolas, porque não é possível que me deram isso' (risos). Eu contei para o pessoal do clube depois e me zoam com isso até hoje", divertiu-se.