<
>

Corinthians vai quitar dívida da Arena? Estádio na bolsa de valores? Diretor detalha operações pela Neo Química Arena

A movimentações do Corinthians em torno da Neo Química Arena repercutiram desde a última sexta-feira (17), com a iniciativa de negociar até 49% do estádio na bolsa de valores, e pouco depois a proposta para quitação da dívida da arena de Itaquera feita à Caixa Econômica Federal.

Em entrevista nesta segunda-feira (20) ao portal MeuTimão, Wesley Melo, diretor financeiro do clube paulista, detalhou as duas operações que correm nos bastidores do Parque São Jorge sobre o estádio.

Como o Corinthians vai pagar a dívida da Arena?

"Imagina que alguém é dono de um título contra a Caixa. Um outro alguém paga esse título por um valor menor, mas ele vale muito. Eu pego esse ativo que vale muito, além dos naming rights, que para o futuro vale R$ 400 milhões, e trago para o valor presente. Esse contrato, mais o título que eu comprei, eu estou somando e falando para a Caixa que é tudo dela”.

“Por que isso é benéfico para a Caixa? À medida que o Corinthians vai pagando, ele faz sua recuperação ao depositar o dinheiro. Quando fazemos essa operação nova com a Caixa, eu tinha contas a pagar, era um título para uma empresa, agora essa conta a pagar virou para o Corinthians. Posso fazer um encontro de contas a pagar e contas a receber. Ao invés de a Caixa pagar esse valor de volta no futuro, eu tenho contas a receber, não pago, não recebo, liquido meu risco e demonstro no meu resultado um ganho. É benéfico. Para quem cede também é bom por que resolve agora. Todo mundo se dá bem na história. O Governo não está abrindo mão de nada. Quem está abrindo mão do valor é o cedente do título. Essa empresa é privada. Estamos discutindo valores, mas a base está montada com cláusula de sigilo”.

Quanto o Corinthians deve para a Caixa?

“Uma das grandes coisas que aconteceram foi essa renegociação com a Caixa. Estávamos em litígio, uma confusão absurda. Foi muito tempo de negociação. Em setembro do ano passado, a Odebrecht saiu do esquema. Com a Caixa, ficamos com uma dívida nominal de R$ 610 milhões. A gente paga os juros e a dívida partir de 2025. Era o que imaginávamos. Isso estava no nosso radar por causa do aumento de receita. Foi um acordo muito importante, nós honramos, mas agora estamos em um outro momento. Tem cláusula de confidencialidade. Minha vontade era falar tudo, mas não dá e por que não está assinado. A Caixa é quem tem que vir a público e falar".

Quanto o Corinthians vai pagar?

“Por que isso é benéfico para a Caixa? À medida que o Corinthians vai pagando, ele faz sua recuperação ao depositar o dinheiro. Quando fazemos essa operação nova com a Caixa, eu tinha contas a pagar, era um título para uma empresa, agora essa conta a pagar virou para o Corinthians. Posso fazer um encontro de contas a pagar e contas a receber. Ao invés de a Caixa pagar esse valor de volta no futuro, eu tenho contas a receber, não pago, não recebo, liquido meu risco e demonstro no meu resultado um ganho. É benéfico. Para quem cede também é bom por que resolve agora. Todo mundo se dá bem na história. O Governo não está abrindo mão de nada. Quem está abrindo mão do valor é o cedente do título. Essa empresa é privada. Estamos discutindo valores, mas a base está montada com cláusula de sigilo”.

“Os R$ 700 milhões serão quitados? Com a Caixa, sim. Mas é um valor residual [a dívida que fica], será algo muito suave, sem os juros da SELIC. Todo mundo ganha com essa operação. Quem dará as informações daqui para frente é a Caixa. Todo mundo está muito entusiasmado. Este deve sair muito rápido".

“Esse deságio [do título que o Corinthians compra] é um percentual que não posso abrir, mas é abaixo de 50%. Imagina ter uma dívida e ela cair para 50%? O que estamos falando com a empresa é pagar direto a ela, sem refinanciamento, em cinco ou oito anos. Só com correção do IGPM. Nessas condições dá para pagar de forma mais tranquila. Uma vez que o passivo com a Caixa está resolvido, outros nós se desatam. A bilheteria, alimentos e bebidas, vendas de jogadores...tem muito da receita da Arena que hoje eu não conto. Dentro desse fluxo fica muito mais suave”.

Corinthians vai pagar a dívida com precatórios?

"A dívida não é exatamente precatório. Imagina que uma empresa tenha uma disputa com o Governo. Ele emite um título para essa empresa, mas que o pagamento seja em 15, 20 anos. Como esses títulos têm um prazo longo, ele tem um valor de mercado. Alguém pode comprar esse título por um valor fixo e existe um mercado só disso. Não fui autorizado pela Caixa a falar qual o título. Para nós seria ótimo, mas a Caixa não quer".

Corinthians vai negociar ações da Arena na bolsa?

“A gente tem duas operações em paralelo. A que dá mais resultado efetivo é essa de liquidar a dívida. Estamos falando sobre isso desde o ano passado. Sobre as ações: é como um fundo que o camarada pode fazer uma aplicação. Em fevereiro deste ano tínhamos algumas alternativas. Imagina que eu tenho um investidor único que me paga 49% [do valor]. Com esse CNPJ de um fundo nós podemos trazer um investidor. O que podemos oferecer é um retorno financeiro. A receita dá lucro. É isso que vamos oferecer".

“Fomos correr atrás dos investidores. Assinamos vários documentos com cerca de 20 financeiras nacionais e internacionais. Precisávamos ver o mercado. Em agosto, estávamos com o modelo engatilhado. Houve reuniões em Brasília, é algo que deve sair no papel. Talvez não nessa gestão, mas na próxima, é um projeto do Corinthians. Deverá ser rápido. A Caixa está muito entusiasmada. Acharam a ideia incrível. Toda a parte técnica está avançando. O que eu gostaria é que fosse um fundo aberto ao público final. Será que a gente conseguiria arrecadar tudo o que esses 49% valem? Pode ser que sim, pode ser que não. Essa é a avaliação que estamos fazendo e a Caixa está nos ajudando. É um projeto grande. É um projeto factível. É um fundo separado do clube, que tem um rendimento positivo"

O que falta para o acordo com a Caixa ser fechado?

“Essa nova ideia tem pelo menos seis meses, deixamos tudo internamente. Era um grupo restrito de pessoas que sabiam. A Controladoria Geral da União e o TCU precisam aprovar. Eu não queria dar prazo, mas ainda nessa gestão sai o acordo com a Caixa. Está muito bem encaminhado mesmo, essas coisas não aparecem do dia para noite. Isso é um processo de meses. O negócio está praticamente certo. Depende da avaliação dos órgãos internos, mas deverá acontecer nos próximos dias ou semanas. A empresa tem o aceite. Tanto que protocolamos em Brasília a documentação, são documentos mesmo para passar numa burocracia e daqui a pouco o presidente da Caixa dar a publicidade a este assunto. Está nos finalmentes”.

Próximos jogos do Corinthians: