<
>

Como recuperar emocional do Botafogo? Perri vai para o banco? As melhores respostas de Tiago Nunes em apresentação

Tiago Nunes durante treino do Botafogo, em 16 de novembro de 2023 Vitor Silva/Botafogo

Nesta terça-feira (21), o técnico Tiago Nunes foi apresentado oficialmente como novo comandante do Botafogo.

Com estreia marcada para quinta-feira (23), contra o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro, o gaúcho foi questionado sobre como vem trabalhando o emocional da equipe.

O Fogão era líder isolado da Série A e com larga vantagem. No entanto, uma terrível série de seis jogos sem vencer, com viradas inacreditáveis sofridas para Palmeiras e Grêmio, derrubou o clube na tabela.

Nunes ressaltou que vem fazendo trabalhos especiais para recuperar os atletas e assegurou que espera uma boa resposta contra o Fortaleza.

"(Para recuperar o psicológico, é preciso) Objetivos curtos, metas a curto prazo. Começou a estabelecer essas metas em um treinamento por vez e tem cumprido isso no dia a dia. Os atletas têm conseguido entender, mostramos a quantidade enorme de acertos. A partir disso eles estão preparados para competir bem contra o Fortaleza", afirmou.

"Depois disso, pensaremos no Santos. Antes do Fortaleza, não vamos falar do Santos. Sabemos que temos um espaço curto antes do jogo com o Santos, mas temos atletas com lastro físico bom para suportar essa sequência. Muitos jogadores rodaram dentro do elenco, tiveram minutos importantes. Agora, é focar no Fortaleza, no primeiro tempo, e depois dele começa a pensar no adversário seguinte", complementou.

Tiago também foi perguntado se colocará o goleiro Lucas Perri, que vive momento conturbado no clube, no banco de reservas, estabelecendo Gatito Fernández como titular.

O gaúcho negou e disse que o atleta da seleção brasileira segue tendo seu respaldo.

"Perri vive um momento incrível, está fazendo uma temporada muito boa, não é à toa que foi convocado para a seleção brasileira. Merece todo o respaldo do seu treinador e dos seus companheiros para continuar sendo o goleiro titular nesse momento, dentro do que a gente imagina para a sequência da temporada", apontou.

Veja outras respostas importantes de Tiago Nunes:

"Acredito no projeto"

"Primeiro de tudo agradecer todo o carinho que tenho recebido desde o momento que começou a se gerar a especulação da minha vinda ao Botafogo, de diversas formas, ao vivo, em lugares que a gente frequenta, e em redes sociais. Depois agradecer o Mazzuco, ao Alessandro e ao John Textor pela confiança depositada em meu nome, nesse momento importante de reta final de campeonato, que a gente sabe a importância do resultado a curto prazo. Desde o momento que a gente foi contatado, não pensou duas vezes. A gente acredita no projeto, nas pessoas que aqui estão, no grupo de jogadores acima de tudo, um grupo competitivo. É fácil perceber que é um grupo de caráter, que trabalha bastante e merece estar brigando pelo título, como um dos postulantes e favoritos para essa conquista. Obrigado a todos"

Como recuperar o Botafogo?

"Primeiro de tudo é passar confiança para que o grupo entenda que o que fez e está fazendo é um trabalho de alto nível. A gente não pode descaracterizar toda uma temporada por quatro, cinco ou seis jogos. É um grupo de boa qualidade técnica que conseguiu se colocar na condição de favorito ao título. O torneio é difícil, todas as equipes oscilam. Alguns oscilam no início da temporada, outros na metade da competição, outras no final. Meu momento é trazer essa confiança. Eu chego de fora, não contaminado por nenhum tipo de emoção, e ajudo a mostrar aos atletas e aos próprios funcionários que o trabalho que está se fazendo é de excelência. Nosso objetivo agora é repetir, dar continuidade ao que tem sido feito, tentar de uma maneira muito objetiva os temas claros a serem trabalhados, mas principalmente retomar a confiança dos jogadores para que eles entendam que o resultado negativo não tem sempre a ver com performance. Tem a ver com enxergar que estão no caminho certo. Não é por uma sucessão curta de resultados que a gente vai descaracterizar o que tem sido feito tão bem"

Quais correções fará no time?

"Organização defensiva e ofensiva não pode ser analisada somente por números. É um parâmetro importante, mas a parte ofensiva tem uma relação direta com a parte defensiva. A partir do momento que se recupera a bola, você começa a propor o jogo e é uma construção que passa desde o goleiro até os zagueiros, laterais, volantes. É um trabalho coletivo. Tenho repetido aos meus jogadores que o craque do Botafogo é o coletivo. Uma equipe construída para isso, para ser uma equipe colaborativa, dinâmica dentro de campo. E quando uma fase do jogo não funciona tão bem, não pode responsabilizar um setor. Tem que mostrar que somos uma equipe equilibrada, como o Botafogo foi em grande parte da temporada. Tenho certeza que, em cinco jogos que faltam, dificilmente o Botafogo não vai sofrer gols. Alguma equipe vai fazer gol no Botafogo, assim como em todas as equipes que vão disputar as cinco rodadas, mas temos que ter equilíbrio e saber lidar com isso. Meu papel é tentar equacionar, trazer um nível de confiança e a partir daí fazer com que imediatamente a gente tenha uma reação que tanto se espera"

"Conheço bem o Fortaleza"

"Eu trabalhei no Ceará, conheço muito bem a equipe do Fortaleza, a dificuldade de jogar naquele estádio. Teve agora a vitória do Cruzeiro, mas por característica é uma equipe muito difícil de jogar. Todos estamos sedentos por um resultado positivo, uma vitória imediata, porque parece que a gente condiciona tudo nessa virada de chave. Eu acredito primeiro em objetivos curtos. Primeiro de tudo é chegar bem treinados lá, com ideia muito clara de jogo, cumprir um tempo por vez, jogar 45 minutos, encontrar os jogadores no intervalo e depois mais 45. É um jogo a mais, que temos vantagem em relação aos rivais, mas temos que entender que vamos enfrentar um rival" extremamente pressionado, que vai ser um jogo muito difícil, parelho.

Como pretente recuperar Tiquinho Soares?

"Sim, minha ideia é contar com ele contra o Fortaleza. Está treinando com a gente desde ontem, vinha treinando separado desde sábado. Então, está no processo de recuperação da lesão que esteve. É uma das referências da equipe, jogador muito importante para o Botafogo. Temos outros importantes também, mas nessa temporada vive um dos melhores momentos da carreira, então temos que aproveitar ao máximo o momento que ele passa. Ele também depende de uma organização coletiva, mas eu como treinador tenho que estar aqui e dar a eles o direito de tentar uma jogada. Atacante e qualquer outro tem que ter o direito de errar. Ele vai errar e tentar cada vez mais, mas estou aqui para tentar tirar dele a melhor versão dele nos cinco jogos que faltam"

"Oscilar faz parte do jogo"

"Primeiro é tirar a ideia do imaginário que fizeram quatro, cinco ou seis jogos ruins assim. Oscilar uma parte do jogo está dentro do contexto e da conta do futebol. Então discordo que esteve mal em todas as vertentes em todos os jogos. A gente teve momentos em que não esteve bem, isso os jogadores tem que ter a clareza. Parece quer o Botafogo não existiu, e não foi isso. Foram momentos difíceis dentro das partidas que não tivemos a capacidade de sustentar o resultado. Acredito na repetição, na identidade. Temos que entender quais jogadores estão mais próximos de sua melhor versão, seja física, técnica e tática, então estamos avaliando para o jogo de quinta"

Dá para colocar sua "cara" no time em tão pouco tempo?

"Penso que seria muita pretensão da minha parte que em sete treinamentos eu poderia dizer que o time tem a cara do treinador. Botafogo tem uma cara própria na temporada. Não é necessário explicar muito. Não estou chegando aqui para fazer algum tipo de mudança drástica sobre ideia de jogo e modelo de trabalho. A mudança é dar confiança aos comportamentos que já existem. O Botafogo segue tudo que começou lá atrás com o Luis Castro, passou depois com o Caçapa, pelo Bruno e o Lúcio Flávio. A equipe foi se transformando como qualquer equipe, mas a ideia é tentar aproximar o máximo do que essa equipe já fez de melhor na temporada, um time coletivo, compacto e que está postulando o título"

Vê chance de ser campeão em cinco jogos?

"É uma experiência única e extraordinária. Não penso que existe um planejamento de carreira para isso, de chegar para cinco jogos e disputar o título. Por isso, por não estar contaminado por essa atmosfera toda, me sinto tranquilo para tomar essas decisões mais pragmáticas possíveis para nos aproximar da condição de ser uma equipe postulante ao título. Ao mesmo tempo, é óbvio que seja um dos campeonatos mais parelhos dos últimos anos. A única variável que posso influenciar são meus jogadores, por isso estou tão focado nisso. Não adianta ficar olhando para a tabela de classificação no momento, porque se olhar traz uma pressão ainda maior. Foco no próximo dia, no treino de amanhã, viajar para Fortaleza, jogar bem e conseguir a vitória. E vamos somando ponto a ponto para ver como chega. A ambição continua a mesma, ser campeão brasileiro, não tenha dúvida disso, mas sem perder de vista que o Botafogo já fez um grande trabalho na temporada. Tem que ser reconhecido por isso. Não podemos colocar abaixo tudo que foi construído até esse momento"

"Esse é o DNA do Botafogo"

"Sou gaúcho de Santa Maria, mas o time de botão campeão da minha rua era um time que tinha Wagner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Gonçalves, André Silva, Leandro Ávila, Jamir, Beto, Sergio Manoel, Donizete e Túlio. Eu tinha 15 anos em 1995 e acompanhei esse título do Botafogo. Eu sempre tive na minha cabeça que uma equipe que é tão tradicional, repleta de tanta história e com tantos jogadores emblemáticos naturalmente tem a mentalidade ganhadora. Está no DNA desse clube. Claro que esse tempo sem vencer gera desconfiança e angústia, mas eu acredito que esse torcedor tão sofrido é mais fiel, mais verdadeiro, está aqui nas boas e nas ruins. Tenho certeza que nesse momento o torcedor continua acreditando. O Botafogo hoje briga por um título nacional novamente. Quanto tempo faz que não vive uma sensação como essa? Há um tempo atrás se brigava para não cair ou por um acesso. Claro que a confiança gerada antes gera até uma sensação ruim, mas temos um grupo hoje que colocou o Botafogo em um patamar de mudança de nível. Momento agora não é de olhar para trás, mas sim de consolidar o Botafogo na briga por títulos. Que seja normal brigar por títulos nacionais e quem sabe internacionais em um futuro muito próximo"

"A gente sabe que existe uma comoção externa, às vezes até uma torcida, para que o Botafogo não ganhe. Botafogo tem muitos inimigos, muita gente em volta, e a gente tem que estar cada vez mais próximo. Só vai atingir o objetivo se o torcedor acreditar até o último segundo do jogo no Beira-Rio que vai ser possível. Se tiver esse sentimento com a gente, a chance de ganhar aumenta muito"

Próximos jogos do Botafogo: