Afirmar que a World Series de 2023 é surpreendente é ser condescendente. O confronto entre Texas Rangers e Arizona Diamondbacks é talvez o mais improvável deste século, considerando as expectativas que se tinha sobre ambos antes de a temporada começar e até mesmo no início dos playoffs. Mas o que não dá para dizer é que essa decisão é um acidente, injustiça ou fruto da sorte. As duas equipes dominaram alguns adversários mais cotados (duas varridas para cada um!) e, mesmo nas séries mais apertadas (as finais de liga), terminaram vencendo duas partidas cada uma delas como visitante.
O resultado disso é uma World Series difícil de projetar. Primeiro, porque os playoffs deste ano estão reforçando por que a MLB é a mais imprevisível das grandes ligas norte-americanas. Segundo, porque cada time tem um estilo de beisebol muito próprio, e o título ficará com quem impuser seu jogo.
Veja abaixo como chegam Rangers e D-backs para a grande final da MLB 2023.
Texas Rangers
Campanha: 90 vitórias - 72 derrotas (temporada regular), 2-0 no Tampa Bay Rays (fase de wildcard), 3-0 no Baltimore Orioles (série de divisão), 4-3 no Houston Astros (final da Liga Americana)
Ataque: Explosão, e na hora certa. O Texas Rangers tem rebatedores capazes de derrubar qualquer arremessador, e vem mostrando isso nos playoffs. Entre equipes que entraram ao menos três vezes em campo, o Texas é o segundo time com mais home runs no mata-mata e o primeiro em aproveitamento no bastão. Mais que isso, é o primeiro em home runs e em aproveitamento com corredores em base,
considerando times que tenham feito ao menos três jogos. A combinação disso são muitas corridas: 71, dez a mais que o segundo colocado no quesito (Philadelphia Phillies).
Individualmente falando, as duas grandes figuras são Corey Seager e Adolis García. O primeiro, apesar de ser uma ameaça constante de home runs, tem se destacado por dificilmente ser eliminado (48,3% de percentual em base). Depois vem Evan Carter (30,8% de aproveitamento), preparando o terreno para García impulsionar corridas. O cubano tem 32,7% de aproveitamento e sete home runs, totalizando 20 corridas impulsionadas em apenas 12 jogos. Esse trio de ataque tem sido irresistível até agora, e ainda tem bons coadjuvantes em Mitch Garver e Josh Jung.
Rotação: Os Rangers devem ter, pela ordem, Nathan Eovaldi, Jordan Montgomery e Max Scherzer para abrir os jogos 1, 2 e 3 (e também para os 5, 6 e 7). No jogo 4, deve ficar com Andrew Heaney e Dane Dunning dividindo os trabalhos. É uma rotação forte, mas com vulnerabilidades. Eovaldi e Montgomery estão muito bem nos playoffs, com ERA abaixo de 3 e nenhuma derrota creditada a ambos. O problema é Scherzer, que voltou de lesão na série contra os Astros e ainda não encontrou seu melhor jogo, e a dupla Heaney-Dunning, também vulnerável. Esses três arremessadores estão com média de quase uma corrida cedida por entrada arremessada.
Bullpen: Os três principais nomes não fazem uma grande pós-temporada. O fechador José Leclerc já entregou a paçoca uma vez e tem passado pouca confiança. Para piorar, seus substitutos mais óbvios também cambaleiam. Will Smith fez apenas duas entradas, cedeu duas corridas e perdeu espaço. Aroldis Chapman tem ERA de apenas 1,42 em mais de 6 entradas, mas o WHIP (walks e rebatidas por entradas
arremessadas) também é de 1,42, o que mostra como ele tem deixado rebatedores em base e dado susto. Por isso, não estranhem se Josh Sborz e Cody Bradford ganharem espaço. Ambos estão com ERA abaixo de 1,6 e WHIP em torno de 0,7. Com isso, se tornaram os principais responsáveis por tirar o time de encrencas nos finais dos jogos. Ah, e Eovaldi e Montgomery podem se tornar jogadores de bullpen entre uma abertura e outra.
Arizona Diamondbacks
Campanha: 84 vitórias - 78 derrotas (temporada regular), 2-0 no Milwaukee Brewers (fase de wildcard), 3-0 no Los Angeles Dodgers (série de divisão), 4-3 no Philadelphia Phillies (final da Liga Nacional)
Ataque: De grão em grão, base a base. Se os Rangers apostam em rebatidas longas, os Diamondbacks usam muito a velocidade, o roubo de base e o contato inteligente na hora certa para produzir suas corridas. Os destaques nesses fundamentos são Ketel Marté, Corbin Carroll e Christian Walker. Mas isso não significa que seja um time exclusivamente do jogo curto. Os D-backs também têm potência em alguns momentos, com Alek Thomas (4 home runs nos playoffs) e Gabriel Moreno (3). Até agora, o Arizona tem se mostrado muito competente em saber mesclar esses dois estilos, de acordo com a necessidade ou com a brecha que o adversário deixou.
Rotação: Zac Gallen faz o jogo 1, Merrill Kelly o jogo 2 e Brandon Pfaadt o jogo 3. O trio volta, nessa ordem, para as partidas 5, 6 e 7. E o jogo 4? Bem, é provável que os D-backs recorram a uma partida de bullpen, com os riscos naturais dessa opção. Pensando apenas no trio de abridores, Gallen é candidato ao prêmio Cy Young da Liga Nacional neste ano, mas tem decepcionados nos playoffs. Só foi realmente dominante no primeiro jogo contra os Brewers, e tem deixado o Arizona com
problemas em seus jogos até agora. Mas ele tem talento para calar os Rangers se reencontrar seu melhor jogo. Kelly e Pfaadt têm sido os grandes nomes dessa rotação. Ambos estão com ERA abaixo de 3 e seguem com atuações consistentes em sequência, sempre deixando os D-backs em condição de ganhar o jogo.
Bullpen: É o setor em que o Arizona tem, em teoria, mais vantagem. Os nomes mais pesados estão respondendo nos momentos delicados, como Paul Sewald e Kevin Ginkel, com Ryan Thompson, Andrew Saalfrank e Joe Mantiply assumindo a responsabilidade em momentos pontuais do meio do jogo (Saalfrank e Mantiply têm ERA altos por causa de uma atuação ruim de cada, mas foram bem em vários momentos delicados). Isso dá ao técnico Torey Lovullo muita flexibilidade para mexer com os arremessadores nas partidas.
Programação #MLBnaESPN
Jogo 1, 27/10
21h - Texas Rangers x Arizona Diamondbacks (ESPN 4 e Star+)
Jogo 2, 28/10
21h - Texas Rangers x Arizona Diamondbacks (ESPN 4 e Star+)
Jogo 3, 30/10
21h - Arizona Diamondbacks x Texas Rangers (ESPN 4 e Star+)
Jogo 4, 31/10
21h - Arizona Diamondbacks x Texas Rangers (ESPN 4 e Star+)
Jogo 5, 1/11
21h - Arizona Diamondbacks x Texas Rangers (ESPN 4 e Star+)
Jogo 6, 3/11
21h - Texas Rangers x Arizona Diamondbacks (ESPN 4 e Star+)
Jogo 7, 4/11
21h - Texas Rangers x Arizona Diamondbacks (ESPN 4 e Star+)
Horários de Brasília. Grades sujeitas a alteração*