Mbappé, Dembélé, Pavard... A França mostrou como desenvolver jovens talentos e faturou a Copa do Mundo em 2018. Mas não é só no futebol que o país tem esperança na base: neste domingo, no GP do Brasil, em Interlagos, a geração de pilotos de origem francesa estará nas pistas mostrando todo seu potencial.
Esteban Ocon, Pierre Gasly e Charles Leclerc eram pequenos sonhadores nas competições de kart na França, cresceram juntos nas categorias inferiores e agora prometem se destacar na Fórmula 1.
Ainda que defenda oficialmente a bandeira do principado de Monaco, Leclerc, de 21 anos, faz parte do lado francês que chama atenção. Atualmente na Sauber, está garantido na Ferrari na próxima temporada.
Gasly, por sua vez, tem 22 anos, corre pela Toro Rosso e irá se transferir para a Red Bull no ano que vem. Já Ocon, de mesma idade, é o melhor francês no Mundial até o momento – a frente até do experiente Grosejan, que completa a turma de falantes do idioma francófono.
“Honestamente, penso que somos uma geração muito boa, com o Charles, o Esteban. Corremos juntos desde 2005. O fato de que sempre corríamos um contra o outro todos os anos foi útil para todos nós tentarmos tirar o melhor de nós mesmos e melhorou nossas qualidades”, declarou Gasly ao ESPN.com.br.
Há 13 anos disputando espaço nas pistas, a nova geração desperta expectativa nos torcedores e não tem medo de sonhar alto.
“Temos muita ambição. Todos nós. Sabemos o que queremos. Temos crescido juntos nas categorias menores e agora que estamos no topo do automobilismo, ainda lutando (um contra o outro). Espero que conquistemos objetivos nos próximos anos”, disse o francês da Toro Rosso.
O monegasco, por sua vez, se surpreende com a ascensão de seus companheiros franceses – e também britânicos – no mundo da velocidade.
“Nós nos conhecemos do kart e penso que crescemos muito correndo um contra o outro. E é ótimo ver que nós todos estamos chegando na Fórmula 1. Não acho que esperávamos ter tantos colegas que competiram nas categorias menores agora na Fórmula 1”, revelou Leclerc em conversa com jornalistas no paddock de Interlagos.
Da base ao principal
Atualmente na segunda equipe Red Bull, Gasly já foi anunciado como companheiro de Verstappen na próxima temporada. Leclerc também está numa espécie de ‘base’ da Ferrari, a Sauber, e subirá para a escuderia italiana em 2019.
Até mesmo o pentacampeão do mundo, Lewis Hamilton, admitiu estar ansioso para enfrentar a nova safra.
“Eu vejo um pouco de mim mesmo neles. Nessa idade eu tinha o mesmo tipo de “olho do tigre”’, afirmou o piloto da Mercerdes, que não pretende facilitar para seus novos concorrentes.
“Sinto que eu ainda tenho aquela mesma fome com a qual eles estão chegando”, garantiu o inglês em entrevista da patrocinadora de sua equipe na última quarta-feira.
Apenas Ocon ainda não tem lugar garantido para 2019. Apesar dos bons resultados, conseguindo a 8ª colocação geral no ano passado, ele não sabe qual será o futuro na F-1.
“Eu poderia continuar correndo, mas não sei se vou. Prefiro ficar próximo da Mercedes e aprender o máximo com eles, talvez ser piloto de testes. Só isso que eu posso fazer para ficar em forma. Não sinto que posso aprender muito em outra categoria como fiz anteriormente”, declarou.
Disputa 'interna'
Conversas em francês à parte, Gasly e Leclerc estarão disputando posições diretamente neste domingo. Respectivamente em 14º e 15º no Mundial de Pilotos, eles também defenderão suas escuderias, separadas por três pontos no Mundial de Construtores.
“Não vamos tomar riscos estúpidos para ganhar uma posição se eles estiverem atrás. Com certeza isso vai mudar um pouco a forma como encaramos as corridas. Mas, no fim das contas, o objetivo continua o mesmo: fazer o melhor trabalho possível a cada semana e mantê-los atrás de nós”, explicou Leclerc, recordando que a Sauber está à frente da Toro Rosso.
“A unidade de força da Ferrari é mais rápida que a nossa. Mas podemos ser competitivos. Eles são competitivos também, marcaram pontos com os dois carros no México, o que mostrou que eles têm um ótimo conjunto. Eu imagino que será uma luta muito apertada, será importante tentar marcar pontos com os dois carros se quisermos garantir que vamos ultrapassá-los no campeonato (de construtores)”, comentou Gasly sobre a disputa.
Quem assistir à corrida em Interlagos pode esperar uma briga boa nas posições intermediárias – e já ir se acostumando com os próximos candidatos a subir no pódio.
“Provavelmente, para as pessoas que não seguiram a Fórmula 1 nos últimos cinco anos e que vão voltar a acompanhar ou no próximo ano, ou no ano seguinte, o grid vai mudar bastante”, resume Gasly sobre a nova geração de pilotos.