Mineira, 22 anos, destaque da seleção brasileira e com uma vida de celebridade nos Estados Unidos. Se há sete anos Kamilla Cardoso soubesse o que o futuro a reservava, talvez não pensasse duas vezes na hora de fazer as malas para deixar o Brasil.
Campeã e MVP da Copa América de basquete feminino no último mês, no México, a jogadora é a convidada desta semana do Bola da Vez, programa que vai ao ar neste sábado (26), às 22h (Brasília), com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.
Com 2,01m, Kamilla carrega na bagagem muito mais do que o peso de ser uma das mais promissoras jogadoras do basquete brasileiro. Pivô do South Carolina Gamecocks, da Universidade da Carolina do Sul, ela foi a primeira brasileira da história campeã da NCAA, liga universitária de basquete feminino norte-americano, em 2022. Desde então, vive uma realidade ainda mais distinta daquela de quando deixou o Brasil, aos 15 anos.
“Acho que, se eu não tivesse ido pra fora, não teria me tornado quem sou hoje. Acho que o basquete do Brasil, sim, é muito bom, só que os Estados Unidos estão em outro nível. As pessoas são mais experientes, o tático delas é melhor, e aqui no Brasil nem sempre é assim. Acho que estamos melhorando bastante nisso, mas a grande diferença daqui e dos Estados Unidos é que as crianças com quatro, cinco anos já estão aprendendo várias coisas”, disse a atleta.
Na entrevista ao Bola da Vez, a brasileira também explicou por que ganhou status de estrela após as conquistas no basquete universitário norte-americano.
“Na Carolina do Sul nós temos o maior número de fãs do College, com 18 mil (torcedores). Então, quando você anda na rua todo mundo sabe quem você é. Gosto muito do carinho que recebo. Paro, tiro foto, respondo mensagem, acho muito legal. No começo (jogar com tanta gente assistindo), deu um frio na barriga, mas agora que a gente se acostumou, é muito legal. Usamos a energia deles ao nosso favor, jogamos por eles. É uma emoção muito grande, te anima, inspira a jogar melhor", afirmou a jogadora, que ainda reiterou sobre o território mais difícil de se enfrentar.
"A maioria dos adversários são respeitosos. Normalmente, no Tennessee a torcida é mais hostil, mas também nossos fãs vão, tem o ônibus que leva. A nossa torcida é bem grande mesmo estando fora da nossa casa”. completou.
Convite de lenda norte-americana
Kamilla se destacou em competições de 'High School' entre escolas dos EUA. O desempenho despertou a atenção de Dawn Staley, lenda do basquete norte-americano, tricampeã olímpica como jogadora e atual medalhista de ouro como treinadora, além de mundiais e outros torneios.
Foi dela que partiu o chamado para se juntar à Carolina do Sul.
"Na verdade, o primeiro convite que recebi dela eu ainda estava no High School. A universidade ficou no meu top 5 e eu fiquei muito feliz, porque ela é uma inspiração de mulher, uma ótima treinadora, foi uma ótima atleta. E ela é uma lenda lá nos Estados Unidos e aqui também. É uma pessoa bem legal fora das quadras, dentro ela é bem rígida. Só quer que a gente dê o nosso máximo nas quadras, que se esforce”, contou.
WNBA e sonho olímpico
Recentemente, Kamilla se destacou pela seleção brasileira ao ser eleita a MVP da Copa América de basquete, com direito a vitória sobre os Estados Unidos na grande decisão. A ambição de representar o Brasil rumo a uma futura disputa de Jogos Olímpicos se mistura ao sonho de jogar pela elite do basquete norte-americano.
"É continuar treinando, dando duro em quadra, ganhar essa temporada que está por vir, porque estamos indo atrás de um título, continuar jogando na seleção e me esforçando. Desde o primeiro ano que eu fui para os Estados Unidos, é o meu maior sonho: jogar pela WNBA”, revelou.