Tiago Nunes teve uma rápida ascensão. De comandante do time B do Athletico-PR promovido a interino, em 2018, para treinador escolhido a dedo pelo Corinthians, no fim de 2019, nem duas temporadas se passaram.
E no Furacão que ele levou para as conquistas da Copa Sul-Americana de 2018 e da Copa do Brasil de 2019, consolidaram-se talentos como Renan Lodi, Bruno Guimarães, Raphael Veiga e Rony.
Lodi foi para o Atlético de Madrid na janela do verão europeu de 2019. Bruno, para o Lyon, no início deste ano.
O Palmeiras, ainda em 2019, repatriou Raphael Veiga, que jogava emprestado para o time de Tiago. E, em 2020, pagou 6 milhões de euros por 50% de Rony, um dos melhores do time na competição nacional.
Os dois primeiros se encaixaram na Europa. Mas Rony e Veiga, que já tinha passado pelo Allianz Parque sem brilho, davam desânimo nos palmeirenses até a saída de Vanderlei Luxemburgo.
Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br - que será publicada na íntegra na sexta-feira (4) - , Tiago Nunes explica por que a dupla juntada por ele brilhou no futebol do Paraná e, após quase um semestre sem brilho, joga agora bom futebol no Palmeiras.
Recuperados da COVID-19, o duo pode estar em campo no Allianz Parque, às 19h15, para enfrentar o Delfín pela partida de volta das oitavas de final da Conmebol Libertadores. Na ida, o Palmeiras venceu por 3 a 1, e Rony fez um dos gols.
O FOX Sports transmite a partida ao vivo. E o ESPN.com.br faz acompanhamento da decisão em tempo real, com vídeos de lances e gols.
Esqueçam Alex e Djalminha
“Raphael é um atleta com potencial de decisão, que faz gol, que tem essa capacidade. Mas não é um construtor, o clássico camisa 10”, explicou Nunes.
“Ele é quase um segundo atacante. É um cara que tem que entrar lançado nos espaços para finalizar”, diz. “A batida na bola dele é acima da média, bate bola parada e em movimento de modo muito qualificado”, diz.
'Ele precisa de roteiro': Tiago Nunes explica receita que fez Raphael Veiga brilhar no Athletico-PR e, agora, no Palmeiras
Treinador pondera que jogador não é um meia 'cerebral' clássico
Mas Tiago também explica que, para entregar tudo isso, Veiga precisa de direcionamento específico:
“O Raphael é um exemplo, como a grande maioria dos meias de hoje, de um jogador que precisa de roteiro. Isso é um gap na nossa formação. A gente enxergava Alex, Djalminha, que eram cerebrais e instintivos, Ricardinho, jogadores que interpretavam espaços. Hoje os nosso meias são cumpridores de funções”, explica.
“O que o Palmeiras está fazendo com ele é definir um roteiro: ‘você tem essa atribuição, esse caminho, você fica nesse espaço e entra lançado nesse momento”, ensina o técnico.
Não esperem interpretação de espaços
'Se você pedir para ele interpretar espaços, não vai acontecer': Tiago Nunes conta como fez Rony ser o jogador que seduziu o Palmeiras
Atacante precisa de uma estratégia que proporcione espaços para acelerar
O caso de Rony é parecido, na visão de Tiago que, grosso modo, foi quem o “inventou” em alto nível no futebol brasileiro:
“Quais os principais atributos dele? Velocidade e um contra um", diz. "Ele consegue ser muito potente, acelerar mais rápido e chegar antes”, diz Nunes que, explica, é preciso criar um cenário para isso acontecer.
“Você precisa de bolas que sejam trocadas de um lado ao outro para que ele possa pegar a defesa balançado, com a cobertura distante. Ou bolas, no processo de transição, lançadas no espaço para ele ter essa vantagem”, diz.
Nunes exemplificou como ele se movimentava no Athletico-PR:
“Com o Renan Lodi, ele jogava em combinação, com o Renan vindo de dentro para fora. O Rony vinha de fora para dentro. O Renan era o ponta do time”, explica.
“Quando sai o Renan e entre o Márcio Azevedo, um construtor, o Rony passa a ser o ponta”, explica.
“Você precisa encontrar o equilíbrio e criar cenários. Se você pedir para o Rony interpretar espaços, jogar de costas, fazendo tabela, ‘um, dois’, não vai acontecer”, afirma.
Veiga e Rony já atuaram juntos em 37 partidas, somados os compromissos por Palmeiras e Athletico. E têm bons números como parceiros.
Sob o comando de Thiago Nunes, foram 17 partidas, nas quais Raphael fez cinco gol e três assistências - Rony marcou três vezes.
Pelo Palmeiras, em 20 jogos, Veiga fez sete gols. Já Rony soma três gols e duas assistências.