O São Paulo emitiu uma nota para explicar a decisão de não pedir a anulação do jogo contra o Ceará, pelo Campeonato Brasileiro, por um possível erro de direito do árbitro Wagner do Nascimento Magalhães. O clube diz ter argumentos para fazer o pedido, cobra transparência da CBF e da comissão de arbitragem, mas diz que não quer um "asterisco" em sua própria história.
"Deixamos claro que sabe que houve impedimento no lance e que a decisão correta seria a anulação do gol, mas alerta que isso não implica na inexistência do indiscutível erro de direito que veio a seguir e que justifica esta nota", diz trecho do comunicado.
"O erro foi algo acima de interpretação, que incorre em descumprimento de regra básica do jogo: o próprio Livro de Regras, que embasa a arbitragem brasileira e é documento público disponibilizado pela CBF, afirma que não se pode alterar uma decisão após o reinício da partida".
"O São Paulo não quer, no entanto, se beneficiar do que teria sido um erro. Nos orgulhamos de nossa história incontestável e sem asteriscos, e assim a manteremos", diz em seu trecho final.
Depois da partida na quarta-feira, Raí, diretor de futebol do São Paulo, deixou aberta a possibilidade de o clube tentar a anulação, mas o departmento jurídico tricolor entende que, após o posicionamento inicial da CBF, não deve levar adiante um questionamento na Justiça.
Raí promete que São Paulo irá 'até a última instância' por polêmica com o VAR
Dirigente disse que São Paulo irá buscar todos os recursos possíveis
“Acho que no jogo de hoje a única certeza é que tem um erro absurdo, de direito. Vamos buscar todos os questionamentos, gravações e o VAR. Temos que saber por que anulou, validou, voltou atrás. E por que autorizou, um erro de direito que tira a credibilidade da arbitragem mais uma vez”, disse Raí, depois da partida no Castelão.
O lance que gerou toda polêmica foi um gol anulado de Pablo. Dentro de campo, a arbitragem viu um impedimento que não havia do atacante. Acontece que a irregularidade acontece no início da jogada, não naquela que foi primeiramente revisada pelo VAR.
O problema é que Wagner Magalhães acabou autorizando o reinício da partida, antes de ser rapidamente avisado que a outra jogada ainda era revisada. O gol acabou anulado.
A CBF, através da Comissão Nacional de Arbitragem, se manifestou sobre a jogada e explicou que “uma comunicação paralela” entre o juiz e o quarto árbitro atrapalhou a comunicação com o VAR, o que fez com que Magalhães autorizasse o reinício.
“Diante do ocorrido, a Comissão Nacional de Arbitragem facultou aos clubes envolvidos na partida a possibilidade de comparecerem à sede da Confederação Brasileira de Futebol para os esclarecimentos que se façam necessários”, encerrou a nota.
Veja a íntegra da nota do São Paulo
Jogamos futebol porque acreditamos nesse esporte como meio de atingir a felicidade. O futebol é, no Brasil, a maior expressão do povo brasileiro. E este esporte, os clubes de futebol e os campeonatos só existem por causa da paixão - para quem não sabe, é disso que o futebol é feito e é isso que o mantém vivo, de geração para geração.
Ocorre, no entanto, que acontecimentos como o presenciado nesta quarta-feira (25), na Arena Castelão, em nossa partida contra o Ceará, estão ferindo e fazendo sangrar, dia após dia, a paixão pelo futebol.
O São Paulo deixa claro que sabe que houve impedimento no lance e que a decisão correta seria a anulação do gol, mas alerta que isso não implica na inexistência do indiscutível erro de direito que veio a seguir e que justifica esta nota.
O erro da arbitragem foi algo acima de interpretação, que incorre em descumprimento de regra básica do jogo: o próprio Livro de Regras, que embasa a arbitragem brasileira e é documento público disponibilizado pela CBF, afirma que não se pode alterar uma decisão após o reinício da partida. Vimos o contrário acontecer, no entanto.
Em nota oficial publicada na noite desta quinta-feira (26), a Comissão Nacional de Arbitragem da CBF não só atestou que houve, sim, uma alteração da decisão do VAR após o reinício do jogo, como também relatou que houve uma falha de comunicação entre o árbitro Wagner do Nascimento Magalhães e o VAR causada por uma comunicação paralela e simultânea entre o árbitro de campo e o quarto árbitro.
É preciso, hoje, que um clube diga com clareza que a aplicação do VAR precisa ser revista no Brasil. A tecnologia é bem-vinda, mas precisa ser bem aplicada. Todo o futebol brasileiro se beneficiará de mais capacitação, transparência e de maior clareza quanto às diretrizes que embasam as decisões. Precisamos cuidar do futebol brasileiro.
Vale lembrar que esta não foi a primeira vez em que o São Paulo foi prejudicado em uma decisão de jogo que envolveu o VAR. Há três meses tivemos um atleta agredido no Morumbi em clássico contra o Corinthians em lance que não resultou em punição para o agressor, e também um gol de Luciano contra o Atlético-MG em que a tecnologia de vídeo apontou impedimento equivocadamente - erro posteriormente assumido pela Comissão Nacional de Arbitragem.
Como futebol é feito e vive de paixão, o São Paulo aproveita o momento para relembrar do que este clube é feito em sua essência. Este clube tem princípios, é balizado pela retidão de conduta e se orgulha de fazer o correto. Por isso, não ingressará com o pedido para anulação da partida apesar de ter a segurança que o pleito seria aceito uma vez que houve evidente erro de direito e descumprimento de regra básica do jogo.
O São Paulo não quer, no entanto, se beneficiar do que teria sido um erro. Nos orgulhamos de nossa história incontestável e sem asteriscos, e assim a manteremos.