“Esta palavra não existe mais: gratidão.”
Foi esta uma das conclusões de Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 2002 e 2014, ao tratar sobre sua relação com Tite, o atual técnico da seleção, em entrevista no Bola da Vez da ESPN Brasil que vai ao ar à meia noite de terça para quarta-feira.
“Você acha isso correto de quem tu conhece há 30 anos, de quem te abriu todas as portas? Quem te deu a oportunidade de ser jogador do Caxias, de começar na carreira e arranjar lugares fora do Brasil para trabalhar? Essa é a gratidão?”, questionou Felipão.
Scolari se referiu às declarações dadas pelo irmão de Tite, Miro, à jornalista Camila Mattoso, autora da biografia do hoje técnico da seleção. Na ocasião, Miro disse que Felipão, enquanto técnico do Palmeiras, entregara um jogo do Campeonato Brasileiro de 2010 para prejudicar o Corinthians, então treinado por Tite.
“O Felipe é malandragem, é ganhar de qualquer jeito. É um cara de família e eu admiro ele por isso. Mas entra em campo e esquece da vida. Ali acabou a relação”, afirmou Miro no livro “Tite”, lançado no ano passado.
Sobre a frase do irmão, também em sua biografia, o atual técnico da seleção comentou o seguinte: “Gratidão eu tenho pelo início, por conselhos e orientações. Depois desse jogo de 2010, passou a ser uma relação profissional... Não perdi a gratidão, mas eu comecei a ver com outros olhos”.
“Eu também”, retrucou Felipão durante o Bola da Vez, para depois revelar por que se recusou a atender Tite quando este o procurou, assim como a todos os técnicos anteriores da seleção brasileira (com exceção de Dunga) ao assumir o cargo.
Foi em entrevista à Folha de S.Paulo, em outubro deste ano, que Tite disse ter tentado conversar “com todos”, mas sem obter sucesso com Felipão: “Ele não foi possível. Tentei contato por e-mail duas vezes e não obtive resposta, aí vi que não ia ter diálogo e desisti".
Um fato que, segundo Felipão revelou no Bola da Vez, tem um motivo óbvio: “Por que eu tenho que atender se quando eu solicitei (uma conversa) eu não fui atendido? Nem ouviu o porquê daquilo. Então tá bom!”
Além de falar sobre a relação com Tite, durante mais de 1h30 da entrevista concedida a João Carlos Albuquerque, André Kfouri e a mim no Bola da Vez, Felipão tratou de assuntos como os 7x1 da Copa de 2014 (claro), do inimigo que fez no Chelsea e prejudicou sua passagem por Londres, da rivalidade com Luxemburgo, de Figo e Cristiano Ronaldo, da ausência de Alex na Copa de 2002 e de seu futuro como técnico, entre outros temas.
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