Você é mesmo um torcedor ou apenas um "simpatizante"?
Não surpreende a informação da recente pesquisa Datafolha, realizada na cidade de São Paulo com pouco mais de 1.000 entrevistados, de que mais da metade não soube citar sequer um jogador atual do time para o qual declararam torcer.
À primeira vista, salta à lousa de explicações a alta rotatividade dos elencos. Não é de hoje. Jogadores que ficam três, quatro temporadas em um time são fenômenos de longevidade. A maioria passa e vai, criando pouco vínculo com o clube e a torcida.
Como era também de se esperar, os mais lembrados foram os goleiros (Cássio e Prass), que têm menos mercado que jogadores de linha e, por isso, tendem a permanecer muito mais tempo nos clubes e na memória das pessoas.
Uma análise mais profunda, entretanto, descortina uma questão que tem a ver com a definição do que é ser um torcedor. Embora chamemos "torcedor" tanto aquele que vai ao estádio com frequência quanto quem apenas tem um time "do coração", sabemos que são bichos completamente diferentes, extremos de cores com um vasto dégradée de tons intermediários.
Torcedor é o sujeito que acompanha o time para o qual torce. Esse acompanhamento varia de intensidade, mas tem um patamar mínimo, que é ver a tabela de classificação, saber quando o time joga, o nome do técnico e de vários jogadores. Um torcedor jamais vai titubear em dizer um punhado de nomes que hoje vestem a camisa de seu clube. Quem tem apenas um "time do coração", escolha influenciada ou mesmo imposta pelos familiares, mas não cultiva uma relação mínima com o clube, não pode ser considerado um torcedor, mas um "simpatizante".
Não me ponho aqui ao ridículo de tentar propor uma nova nomenclatura. Vamos seguir chamando todos de torcedores, e essas pesquisas mais rasas assim também os considerarão, como iguais, independentemente da intensidade do sentimento e da relação que tenham com o clube.
Mas é importante que não nos deixemos levar por conclusões fáceis como "o futebol já não desperta tanta paixão", "ninguém mais liga para o time como antes" e blá, blá, blá. Falácia. O futebol segue tendo uma centralidade enorme na vida de milhões de pessoas no mundo todo, capaz de pautar humores, de oxigenar relações, até de horizontalizar mundos verticalmente opostos. Quando o assunto é a rodada do fim de semana, o presidente da empresa conversa com o faxineiro do prédio no mesmo patamar. Pena que seja só no futebol.
Fonte: Maurício Barros
Você é mesmo um torcedor ou apenas um "simpatizante"?
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