Moisés e as 'razões para acreditar' num futebol diferente

Seu time é o último colocado do campeonato, não conquistou nenhuma vitória em sete rodadas e vê a cada nova partida aumentar o risco de ter uma temporada aterrorizante. Mesmo assim, Moisés, atacante do Fortaleza, preferiu parar o lance em que disputava contra Nino, zagueiro do Fluminense, que sofreu um estiramento muscular quando saiu para disputar corrida contra o adversário.
O que Moisés fez é digno de ganhar o Prêmio Fair Play do ano no futebol mundial. O ato do jogador foi de completo respeito. Não só pelo adversário, mas pelo jogo em si.
Talvez um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta no combate à violência no futebol é o desrespeito que existe pelo jogo. Queremos vencer a qualquer custo, sem respeitar oponentes, arbitragem ou quem quer que seja.
Em vez de nos preocuparmos em preservar o espírito do jogo, ficamos obcecados pelo resultado. Dessa forma, moemos técnicos, jogadores, comentaristas e árbitros a cada nova rodada em que as coisas não acontecem conforme o desejado.
Moisés foi o sopro de esperança no meio dessa selvageria que vivemos no futebol, em especial no Brasil. O atacante do Fortaleza entendeu que não valia a vitória a qualquer preço. Soube ter respeito pelo princípio do jogo, que é colocar 11 atletas de cada lado e aquele que tiver maior qualidade sairá vencedor.
A mudança na qualidade do futebol apresentado por aqui passa, necessariamente, por uma mudança de mentalidade em quem trabalha e consome o esporte. Moisés nos dá razão para acreditar que a transformação é possível.
Há cinco anos, Rodrigo Caio foi execrado do São Paulo ao corrigir um erro do juiz Luiz Flávio de Oliveira, que havia dado cartão amarelo para o atacante Jô, do Corinthians, acreditando que ele houvesse pisado no pé do goleiro rival Renan Ribeiro. Rodrigo explicou que ele havia pisado sem querer no pé do companheiro de time. O cartão foi retirado, Jô seguiu jogando e não foi afastado da segunda partida da semifinal do Paulistão entre os dois times, já que aquele seria seu terceiro cartão amarelo. O acontecimento acabou rotulando Rodrigo Caio, que saiu pela porta dos fundos para o Flamengo, onde foi bicampeão brasileiro e da Libertadores.
Cinco anos depois, é a vez de Moisés tentar dar o exemplo para todo o futebol brasileiro de como se comportar. Será que agora estamos maduros para entender que, no fundo, o resultado de um jogo é o que menos importa?
Moisés e as 'razões para acreditar' num futebol diferente
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