Vítor Pereira, Liverpool, Corinthians e o choque de realidade no futebol brasileiro
“Eu também queria treinar o Liverpool, mas não posso. Se você perguntar para mim, eu ia correndo treinar o Liverpool. Com todo respeito ao Corinthians, mas o Liverpool é o Liverpool”.
A frase usada por Vítor Pereira, técnico do Corinthians, para justificar a ausência do atacante Roger Guedes do jogo contra o São Paulo caiu como uma bomba no meio futebolístico brasileiro. O modo sincerão ativado pelo treinador português foi visto por uma parte da mídia e por grande parte dos torcedores alvinegros como uma ofensa ao clube.
Vítor Pereira, Paulo Sousa, Luís Castro e Abel Ferreira têm protagonizado, sistematicamente, respostas desse tipo em entrevistas coletivas pós-jogo ou em entrevistas pontuais. É um choque de sinceridade a um futebol acostumado a jogos de cena, de entrevistadores e entrevistados, há várias décadas.

A invasão de treinadores estrangeiros ajuda a mudar um pouco a maneira como encaramos o futebol no Brasil. A revolta a uma opinião sincera de Vítor Pereira mostra que não estamos preparados para o óbvio: o futebol no Brasil está num nível inferior à Europa. E não há nada de errado em aceitar isso.
Isso não significa ter uma visão tacanha de inferioridade, mas a humildade em reconhecer que é preciso trabalhar – e muito – para que consigamos igualar os níveis de futebol aplicados na Europa.
Começamos a fazer essa mudança a partir da aceitação dos treinadores estrangeiros. Eles estão mais bem preparados e atualizados do que os nossos.
Temos, agora, de ter ouvidos para escutar. Para quem trabalha no futebol, o Corinthians não é maior do que o Liverpool. E obrigatoriamente quem quiser ter sucesso na carreira pode almejar, sem ofender ninguém, trabalhar num dos maiores clubes do mundo atualmente.
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O primeiro passo para mudar a realidade do futebol brasileiro é aceitar o patamar em que ele se encontra. A presença de treinadores do exterior no país se dá por eles perceberem que há uma oportunidade de treinar equipes de ponta, conhecer mais de perto a realidade do maior exportador de pé-de-obra do mundo e, claro, ganhar bastante dinheiro. Mas ficar no dia a dia do futebol brasileiro requer muita renúncia e muito esforço. Tanto que Jorge Jesus não quis ficar, assim como Jorge Sampaoli saiu na primeira oportunidade mais concreta de ir para a Europa.
O Brasil é uma escola para os treinadores de fora, e temos de aproveitar para aprender bastante com esses professores como mudar a nossa realidade. Não é errado querer treinar os maiores da Europa. Qualquer jogador brasileiro deseja jogar lá fora, por que um treinador não iria querer o mesmo? Para terminar, vale a reflexão. Se Vítor Pereira fosse treinador do basquete do Corinthians, ele estaria errado em dizer que desejaria treinar o Los Angeles Lakers?
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