Mais do que silêncio, futebol precisa de ação contra a violência
O Corinthians entrou mudo e saiu calado da acachapante derrota por 3 a 0 para oPalmeiras neste sábado (23). O silêncio imposto pelo clube, que desde a sexta-feira (22) parou de se manifestar nas redes sociais, em seu site e por meio da imprensa, faz parte de um protesto corintiano contra a violência dos torcedores sobre os atletas alvinegros.
O silêncio corintiano vai resolver? Sinceramente, em meio a um dérbi, em que o time sai derrotado por 3 a 0 sem esboçar qualquer chance de superar o Palmeiras, o silêncio parece muito mais uma boa saída do que propriamente uma estratégia brilhante de comunicação.
O futebol precisa de ação contra a violência.
Identificar maus torcedores, afastá-los do ambiente do clube e, acima de tudo, trabalhar em conjunto com o poder público para criminalizar a violência entre torcedores e sobre atletas, dirigentes e funcionários de times de futebol são algumas das medidas óbvias que precisam ser tomadas desde 1992, quando o primeiro torcedor morreu vítima de uma briga de torcidas num estádio brasileiro.
Estamos há 30 anos fazendo um jogo de esconde-esconde com a violência no futebol. Afastamos os torcedores dos estádios para dizer que não há brigas. Enclausuramos as arquibancadas com uma única torcida com medo do confronto entre quem pensa diferente. E o que resolveu desde então?
O futebol é um ambiente que cultiva a violência. Com ações beligerantes entre atletas, dirigentes, na imprensa. Quantos comentários definitivos veremos sobre Vitor Pereira e o Corinthians após os 3 a 0 deste sábado? De que forma criaremos, na cabeça do torcedor, um ambiente saudável se detonamos atletas e treinadores a cada resultado ruim?
Não adianta silenciar-se como forma de protestar. É preciso ser contundente em resolver o problema. O torcedor hostil não é o único violento no ambiente do futebol. O dirigente, o atleta, o treinador, o jornalista... Todos somos responsáveis por criar um clima de guerra onde deveria ser de diversão.
Damos ao resultado do jogo de futebol uma importância maior do que ao ambiente do esporte. Em vez de cultivarmos o bom jogo, as boas práticas, a amizade dentro desse ecossistema, incentivamos o jogo do tudo ou nada. Do bom ou ruim. Do bestial ou da besta.
Ficar em silêncio não vai resolver o problema da violência. Precisamos de ação. Começando por uma grande estratégia de comunicação que transforme o futebol em algo muito maior. Ele não pode ser resumido ao resultado de um jogo, mas transformado num espetáculo em que podemos ganhar, perder ou empatar. Para começar a fazer isso, não dá para ficar calado. É preciso arregaçar as mangas e trabalhar.

Mais do que silêncio, futebol precisa de ação contra a violência
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