Caso Corinthians-Paulinho: esporte precisa se livrar do risco do 'parceiro a qualquer preço'
O Corinthians teve, neste mês de março, de arcar com os salários do volante Paulinho. Repatriado neste ano pelo Timão, em tese o jogador teria todo o salário pago pela Taunsa, patrocinadora anunciada no começo de 2022 como “mais do que um patrocinador”, já que a marca ligada ao agronegócio e que teria um fundo de investimento de Dubai como sócio-investidor pretende ajudar financeiramente o clube.
O atraso soa como um primeiro mau presságio de que o sonho pode, em breve, se tornar pesadelo. A notícia de que a Taunsa atrasou o salário de Paulinho surge dias depois de o CEO da empresa, Cleidson Cruz, dar uma entrevista ao 'Canal do Cereto', no YouTube, prometendo tentar ajudar nos salários do técnico português Vítor Pereira e com mais ideias mirabolantes para o Timão.
Empresa que banca Paulinho no Corinthians atrasa pagamento, e clube arca com valor; SportsCenter debate situação
O que parece ser apenas uma “infeliz coincidência” mostra-se muito mais um prenúncio de queda-de-braço entre patrocinador e patrocinado. E revela um problema histórico do esporte, não só no Brasil, mas no mundo todo.
Recentemente, Barcelona e Manchester City cancelaram patrocínios com empresas de criptomoeda envolvidas em escândalos. Da mesma forma, muito antes da guerra russa, a 1XBet foi banida da Inglaterra, perdendo os patrocínios com Liverpool e Tottenham, por ter permitido apostas em rinhas de galo.
O esporte parece ser um para-raios de aventureiros. Empresas com histórico no mínimo duvidoso adoram se aproveitar da credibilidade do esporte para alavancar sua imagem. É o que fez a Taunsa desde que apareceu com Paulinho em cima de um trator. Com menos de 15 anos de idade, a marca se tornou uma parceira de uma instituição centenária com mais de 20 milhões de consumidores.
Nada contra uma empresa nova poder estar próxima de um grande clube. Mas será que a parceria a qualquer preço é válida? Nos últimos anos, o Corinthians virou motivo de chacota com patrocinadores que entraram com tapete vermelho estendido e prometendo milhões, mas saindo menos de meio ano depois acusados de calote no pagamento.
Até quando isso acontecerá no esporte? O mercado em geral já se acostumou a fazer um pente-fino nos potenciais parceiros comerciais. Pesquisa-se o histórico da empresa, tenta-se entender o quanto ela está preparada para fazer aquele negócio girar, etc.
O esporte parece que se esquece de que, por mais cambaleante que esteja a situação financeira da entidade, ela é quem é a marca de credibilidade e com milhões de consumidores fieis. É inadmissível que o Corinthians sofra mais um calote de patrocinador.
Geralmente, ao propormos um debate desse tipo, a resposta é a mesma: “qualquer dinheiro é válido.” Será que agimos assim quando estamos em busca de um novo emprego? Ou temos sempre o mínimo de cuidado para selecionar o “patrão ideal”? Não cabe mais, no mundo atual, não se pesquisar muito bem um parceiro antes de assinar um acordo.
O esporte não pode mais aceitar um “parceiro a qualquer preço”. Até porque, na maioria das vezes, o que menos se vê, nessa relação, é a cor do dinheiro.

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