O que a LaLiga tem a ganhar com uma liga no Brasil?
Os bastidores do futebol brasileiro prometem esquentar nos próximos dias. Na terça-feira (15), o presidente da LaLiga, Javier Tebas, fará um 'bate-volta' em São Paulo para conversar com os presidentes e dirigentes dos principais clubes do país. Na pauta, programada pelo fundo de investimentos XP, estão os potenciais benefícios da criação da famosa Liga de Clubes, que representaria os 40 times das Séries A e B do Brasileirão.
O que Tebas vem fazer aqui é tentar mostrar para os clubes que o melhor caminho para o futebol ser ainda mais lucrativo e atraente para investidores é unindo os clubes comercialmente e deixando que a rivalidade fique restrita ao campo de jogo.
Algo que é óbvio, mas que precisa da apresentação do case da LaLiga para talvez fazer os dirigentes dos clubes entenderem que é mais fácil remar todos juntos dentro de um mesmo barco do que correr cada um para um lado, olhando o próprio umbigo, sem conseguir assim sair do lugar.
Em 2015, Tebas e a LaLiga tiveram um desafio parecido ao que se encontra agora o Brasil. Clubes ganhando muito mais do que os outros em direitos de mídia, falta de competitividade dentro de campo e penúria financeira para quem não era da 'nata'. Troquemos Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid por Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras e a situação não é muito diferente.
Lá, porém, havia um agravante. Barça e Real recusavam-se a adotar o modelo de venda coletiva de direitos, que era uma obrigação por lei e que precisa vigorar a partir de 2015. Foi uma greve promovida pelo Sevilla, que se recusou a ter os jogos transmitidos na TV, que fez o cenário de venda de direitos de mídia mudar e permitiu que a LaLiga começasse a crescer.
O que Tebas e a liga espanhola têm a ganhar ao fazerem esse movimento de 'ajuda' ao futebol brasileiro? Há quatro anos, o dirigente esteve no Equador, ajudando a projetar a Liga Pro. A liga equatoriana virou quase que uma cópia sul-americana da LaLiga. E um laboratório de testes para a própria entidade espanhola para pensar em inovações e novos caminhos para o seu produto.
No Brasil, com os mercados de futebol e de mídia amplamente estabelecidos, a LaLiga terá um papel mais de coadjuvante nessa conversa. Mas, para a liga espanhola, é importante mostrar-se como uma entidade líder de mercado. Ter um pouco de seu DNA no nascimento da Liga de Clubes no Brasil é uma enorme vantagem competitiva para os espanhóis, ainda mais com a recente compra do fundo de investimentos CVC de parte dos direitos de mídia da LaLiga.
Tebas não se dispôs a vir para um bate-volta em São Paulo só por ser amigo de Ronaldo. Estar com a imagem associada a grandes projetos de outros esportes ou países é parte importante do projeto de fortalecimento da marca da La Liga no exterior. A LaLiga vem para o Brasil fazer marketing. E o futebol brasileiro precisa saber aproveitar o desejo do parceiro para, quem sabe, começar a gerenciar melhor seus produtos.

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