Infantino me fez desistir da ideia de Copa do Mundo a cada dois anos
Já tinha escrito por aqui o porquê de eu ser a favor de uma Copa do Mundo a cada dois anos. Fiz um longo texto para tentar defender o que muita gente considera indefensável. Minha visão é de que, com a Copa bienal, as seleções voltam a ser relevantes no cenário mundial com mais frequência do que apenas a cada quatro anos.
A FIFA bem que tentou mostrar argumentos técnicos para balizar sua visão. Eu mesmo, ao escrever meu texto, lancei mão de diversas razões financeiras para tentar defender o projeto. A verdade é que a Copa bienal, porém, é um ultraje ao futebol. Não pelo fato de “banalizar” o Mundial, como muitos argumentam, mas porque nesta semana Gianni Infantino, o infame presidente da FIFA, escancarou que o projeto não trará benefício algum para o futebol.
Ao dizer que a Copa do Mundo a cada dois anos conseguiria fazer com que a imigração de africanos para a Europa diminuísse, Infantino foi absolutamente pedante e, pior ainda, desprovido de qualquer noção de bom senso. A fala do presidente da FIFA entra para os anais de declarações completamente desnecessárias de dirigentes importantes do futebol.
A Copa do Mundo até pode ter um relativo impacto econômico, mas ela estará longe de significar uma mudança brusca para milhares de pessoas que precisam abandonar sua terra natal para arriscar a vida numa travessia marítima que pode resultar, num cenário um pouco menos desastroso, na deportação para o país de origem.

A Copa do Mundo a cada dois anos não muda a vida de ninguém, a não ser no jogo de força econômica do futebol. A FIFA teme perder relevância e, logicamente, receita, com o avanço de campeonatos como a Champions League, a Premier League e a LaLiga. O problema é que, em vez de ir ao centro do debate e criar um projeto que melhore todo o sistema do futebol, tanto para quem é grande quanto para quem é pequeno, a FIFA assume uma pedante posição de salvadora da pátria de todos os problemas do mundo moderno quando, na verdade, o que ela quer é ficar com a maior fatia do bolo.
A Copa a cada dois anos pode ser um tremendo produto que eleve a qualidade do futebol e, principalmente, dê protagonismo para as seleções nacionais de forma constante. Essa deveria ser a real preocupação do presidente da FIFA. Em vez de achar que a entidade é capaz de reduzir a imigração de africanos para a Europa, Gianni Infantino deveria descer do pedestal e se preocupar em criar condições para o futebol ser realmente um agente transformador da sociedade.
A Copa bienal, da forma como é pensada, é um projeto que não pode existir.
Infantino me fez desistir da ideia de Copa do Mundo a cada dois anos
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