Djokovic já perdeu o Australian Open. Será que jogará fora sua carreira?

O segundo cancelamento do visto de Novak Djokovic para permanecer na Austrália joga ainda mais lenha numa fogueira que pode começar a significar o fim da carreira de um dos mais brilhantes tenistas que já existiram.
Djokovic tem total direito de pensar como quiser e de ser a favor ou contra qualquer vacina. Mas sua liberdade tem como limite o respeito à liberdade e à vida dos outros. E é isso o que mais pega em toda a novela que envolve a presença dele em solo australiano, mais do que o debate sobre se ele tem o direito ou não de ser contra a vacina ou se ele joga ou não na Austrália nos próximos dias.
Esqueça a questão da vacinação. Ao admitir que não se vacinou e que estava com Covid no dia 16 de dezembro, o tenista sérvio teve de admitir que cometeu um crime e um ato completamente absurdo de desrespeito com o próximo.
O crime foi ter mentido no formulário de imigração na Austrália. Djoko ainda tentou usar o mesmo argumento dos jogadores da Argentina naquele malfadado episódio do jogo com o Brasil que não aconteceu em 2021. Quem preencheu não fui eu, erraram em meu nome. Não interessa. Se você assina o documento, não faz diferença quem o preencheu.
O ato desrespeitoso de Djokovic foi, mesmo sabendo que tinha testado positivo para o Covid, continuar saindo de casa. Registros do tenista sem máscara abraçado crianças num evento no dia 17 de dezembro, um dia após o resultado do teste ter saído, são um acinte a milhões de vidas que foram perdidas por conta da pandemia. Repito. Djokovic tem o direito de não se vacinar. Mas ele não tem o direito de, contaminado com uma doença que virou um problema de saúde mundial, sair de casa e expor ao risco outras pessoas, que não sabem de seu estado de saúde.
A novela mundial que se desenrola em Melbourne desde 5 de janeiro é só um triste espetáculo de uma história errada do começo ao fim. E que já fez Djokovic perder o Australian Open. Mesmo se conseguir reverter a decisão do ministro da Imigração australiano e entrar em quadra para o torneio, a pressão que cairá sobre o tenista poderá fazer dele até um campeão, mas sem valor para muita gente.
O Rio Open já declarou que não haverá exceção para tenistas não-vacinados em participar do torneio. Muitos outros devem seguir o mesmo caminho. Assim, torna-se grande a chance de Djoko não conseguir competir este ano em muitos lugares. Até porque o desgaste provocado no caso do Australian Open deve fazer com que muitos organizadores repensem sua estratégia de permissão de visto às pessoas.
Outro ponto que Djokovic vai precisar repensar. Até agora, nenhum patrocinador se manifestou sobre o caso. Mas será que Asics, Lacoste e outras marcas concordam em ter como garoto-propaganda uma pessoa que sabe que está doente e vai participar de eventos sociais, colocando em risco, inclusive, a saúde de crianças?
Independentemente de estar ou não na quadra, Djokovic já perdeu o Australian Open. Seu jogo, agora, é para manter a carreira em alta. Para isso, precisará fazer um exame de consciência sobre respeito ao próximo. Um dos valores que o tênis tenta passar a seus atletas desde criança.
Djokovic já perdeu o Australian Open. Será que jogará fora sua carreira?
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