Cruzeiro não demitiu Fábio. Ele demitiu seu torcedor!
O Cruzeiro decidiu que Fábio não vai continuar mais no clube. O jogador que mais vezes vestiu a camisa cruzeirense e que, em 2022, seguisse o curso natural da última década, completaria 1.000 partidas com a número 1 do time celeste.
O Cruzeiro errou? Sem dúvida. Mas o erro maior não foi com o goleiro. Foi com sua torcida.
Esportivamente, os dias de Fábio no Cruzeiro já estavam naturalmente contados. O atleta não rende mais o mesmo que anteriormente, mesmo tendo cadeira cativa no gol do time. Sua aposentadoria era algo relativamente natural de acontecer. Tudo era uma questão de conduzir bem o processo.
Financeiramente, os dias de Fábio no Cruzeiro já tinham passado da conta. Literalmente. O clube deve para o jogador, que já havia afirmado que se enquadraria no novo limite salarial imposto pela diretoria que acaba de comprar o time para continuar a defender as cores do clube.

Por que, então, não chegar a um acordo bom para ambas as partes? Numa negociação tudo pode acontecer. E, pelo que foi possível depreender dos comunicados oficiais dos dois lados, faltou entender o que poderia ser feito. O clube ofereceu para Fábio jogar só o Campeonato Mineiro e se despedir. O goleiro queria seguir até o fim do Brasileirão. Não era uma questão, então, financeira, mas de objetivos esportivos.
Se o desfecho não foi o esperado, pior ainda foi a forma como o fim da relação foi anunciada. O clube, calado, e Fábio atirando nas redes sociais. A resposta veio só na manhã desta quinta-feira, numa nota oficial em que o clube alfineta o ídolo, preocupando-se em mostrar só o seu lado nessa história e batendo na tecla de que é obrigatória uma readequação financeira.
O que Ronaldo e seus executivos parecem não entender é que o que une um torcedor a um clube não é o equilíbrio financeiro, mas o desequilíbrio de uma paixão. O torcedor não quer saber se o caixa está superavitário, mas sim se ele tem motivos para sonhar com o seu time.
Fábio, claro, era um desses motivos. Era o representante do cruzeirense em campo. Era aquele que não abandonou o time na Série B. Era o resquício do orgulho ferido de um clube maltratado por vários desmandos. O que faz o novo executivo que compra o clube em seu primeiro ato? Demite o torcedor!
Um dos maiores benefícios de comprar um clube “na baixa”, como aconteceu agora com o Cruzeiro, é exatamente trazer junto dessa compra toda uma história e, principalmente, uma torcida. Esse, aliás, foi um dos pontos que Ronaldo exaltou ao anunciar sua chegada ao clube: a força dos torcedores.
O problema é que, numa de suas primeiras atitudes como donos do clube, a nova diretoria cruzeirense simplesmente decide demitir o maior ídolo e um dos poucos motivos para o torcedor manter acesa a chama da paixão que o une ao Cruzeiro. O clube-empresa só será a salvação do futebol quando quem estiver no comando trabalhar para que ele seja mais clube do que empresa. No primeiro teste para isso, Ronaldo mandou a bola para fora depois de ter deixado o goleiro fora da jogada. Literalmente...
Cruzeiro não demitiu Fábio. Ele demitiu seu torcedor!
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