Jorge Jesus e Cuca são técnicos "bomba-relógio"
A busca por treinadores de futebol no Brasil ganhou novos contornos nas últimas horas, quando Cuca decidiu pedir demissão do Atlético-MG na noite de segunda-feira (27) e Jorge Jesus, na manhã seguinte, foi demitido pelos próprios jogadores do Benfica, que se rebelaram contra o treinador.
Pouco depois de o Flamengo gerar uma guerra no futebol polonês por tirar da seleção nacional que ainda tenta a vaga na Copa do Mundo o treinador Paulo Sousa, o cenário de busca por um técnico do Rubro Negro ganhou novos contornos dramáticos com a “liberação” de Jesus e a possibilidade, agora, de o treinador desembarcar em Minas Gerais para treinar o Galo.
O fato é que, durante uma semana, Marcos Braz e Bruno Spindel, executivos de futebol do Flamengo, negociaram no mar revolto dos agentes de treinadores. Tentaram de todas as formas assinar com Jesus, mas acabaram preferindo Paulo Sousa depois do jogo de cena envolvendo o supercampeão de 2019. E, agora, olham Jesus se livrar do Benfica e abrir um caminho possível para o Galo, invertendo-se o cenário de dois anos atrás, quando foi o Atlético quem sondou Jesus, mas viu o Flamengo fechar com o técnico.
O que Jesus e Cuca têm em comum é a aura do supertécnico. São profissionais extremamente competentes, mas que colecionam saídas conturbadas por onde passam.
Cuca, há cinco anos, não faz um trabalho que dure mais de um ano por onde passa. Quem contrata o treinador já deveria saber que, quando dezembro chega, ele sempre tem “problemas familiares”. E volta sempre a trabalhar em março, em outro clube. Tem sido assim quase todo ano desde o título brasileiro com o Palmeiras, em 2016.
Jesus, por sua vez, até costuma fazer trabalhos mais longevos. Mas, a cada temporada que passa, seu relacionamento com os grupos de jogadores é 8 ou 80. O treinador que surgiu dando uma nova cara para o futebol português no final da década de 2000 hoje é visto mais como problema do que solução em seu país de origem. Tanto que a volta ao Benfica foi cercada de polêmica e, menos de um ano depois, a situação dentro do vestiário ficou insustentável para o treinador.
No fim das contas, Cuca e Jesus representam aquilo que há de mais instável para o planejamento de um clube de futebol. Pessoas intensas, competentes, mas que são uma caixinha de surpresas em relação ao futuro. Além disso, hoje atingiram um status que fazem com que seus salários sejam astronômicos.
A pergunta que sempre fica, para mim, é do que você espera de um treinador de futebol. Será que vale o risco de ter um líder que seja imprevisível dentro e fora de campo? É esse o risco do supertécnico.
Ele pode levar uma torcida do céu ao inferno em questão de horas. Isso pode trazer retorno no curto prazo, mas o que será que fica como legado depois disso?
Se você fosse presidente de um clube, apostaria num supertécnico ou buscaria alguém que tivesse um histórico de bons resultados, mas num prazo mais longo de trabalho? O futebol brasileiro, historicamente, prefere a primeira opção. Ela, afinal, sempre é a solução mais fácil. O torcedor fica eufórico ao ver um grande comandante chegar, a mídia foca tudo em cima do supertécnico e, no fim, se tudo der errado, a instabilidade é tanta que a demissão é vista como única saída possível. Jorge Jesus e Cuca estão disponíveis no mercado. Quem quer uma bomba-relógio para ser treinador?

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