Guerrero Lamenta Peru Colômbia Eliminatórias Copa-2018 10/10/2017
Leonardo Fernandez/Getty Images
Perda de sócio torcedor, de faturamento com bilheteria, de ganhos com patrocínios e milhares em premiações por títulos. É o resumo da falta que Guerrero fez ao time do Flamengo na visão do clube que ingressou na noite de quinta-feira com uma nova ação contra o atleta e, agora, contra a Federação Peruana de Futebol (FPF), também.
O clube sustenta que foi lesado pelo doping do peruano, enquanto o jogador estava sob os cuidados da federação de seu país, e faz a lista de tudo o que deixou de ganhar com a ausência dele em campo. Além das perdas materiais, da ordem de milhões de reais, a ação também pede indenização por danos morais que o caso provocou à imagem do rubro-negro. Esta é a primeira ação contra a FPF. Um outro processo está sendo movido pelo Flamengo contra Guerrero, também na esfera cível, mas cobrando a devolução de R$1,8 milhão recebido pelo jogador pelo uso de sua imagem, nos 121 dias em que ficou suspenso.
"Afora os danos patrimoniais suportados pelo CRF, é inegável que a conduta desabonadora dos réus maculou a imagem do Flamengo perante os seus atletas, alunos, torcedores, adversários e toda a sociedade brasileira.", afirmam os advogados que representam o clube, Michel Asseff Filho, Mariana Zonenschein e Fernanda Rocha David.
Esta nova ação tramitará na 12ª Vara Civel do Rio de Janeiro. Nela, os autores pedem indenização de R$ 200 mil por danos morais, além de condenação pelos danos materiais a serem calculados.
Entre os documentos anexados ao processo, estão planilhas que demostram a queda de faturamento após a derrota na final da Copa Sul-Americana e o que o clube deixou de ganhar se Guerrero estivesse em campo. Entre as perdas apontados estão menos 25 mil sócios torcedores, que equivaleram a menos R$ 8,5 milhões.
"Não fosse o bastante, os patrocinadores, sobretudo a Caixa Econômica Federal, deixaram de aumentar as verbas destinadas ao clube", argumentam os advogados do clube na ação.
Ainda sobre a redução de sócios torcedores, nos documentos juntados um número chama a atenção. Em dezembro do ano passado, no mês imediato após a notícia de que fora pego no exame anti-doping foram 149 cancelamentos. Já em janeiro, primeiro mês da temporada sem contar com o peruano, o número saltou para 17.971 planos cancelados.
O clube argumenta que grande parte destas perdas, assim como diminuição de vendas de produtos, foram decorrentes dos resultados em campo, prejudicamos pela ausência do camisa 9.
"Isso tudo sem contar o abalo do psicológico dos demais jogadores, que se viram diante de uma final de campeonato internacional sem o “camisa 9”, fato este que certamente desestabilizou todos os envolvidos. Pior do que isso, a falta do centroavante do time, jogador de maior prestígio contratado pelo Clube – e justamente por um motivo tão torpe (dopagem) – fez com que os adversários se sentissem muito mais confiantes para enfrentar o Flamengo, sendo certo que tal situação contribuiu para que as chances de ganho do Flamengo fossem reduzidas", afirmam na ação.
O desempenho técnico de Guerrero antes e após a suspensão também foi analisado como de responsabilidade do doping. De acordo com dados apresentados pelo clube, o rendimento em gols marcados após a volta da suspensão foi 1/3 do que antes do problema.
"vale dizer que a média de gols do Guerrero por jogo disputado caiu de cerca de 0,45 gols para apenas 0,14 após a primeira suspensão aplicada pela FIFA", analisam os autores.
O centro da argumentação do Flamengo é que Guerrero agiu de forma displicente e negligente, assim como a Federação Peruana, ao permitir que o atleta ingerisse o chá com substâncias de cocaína.
"Embora Guerrero estivesse exclusivamente sob os cuidados e à disposição da FPF na data do ocorrido, o Flamengo foi diretamente atingido pelas consequências advindas da ilicitude apurada. Assim, especificamente em relação ao Flamengo, Guerrero não pôde participar de dois dos principais jogos disputados pelo Flamengo naquela temporada: a semifinal e a final da Copa Sul-Americana, o primeiro contra o Junior Barranquilla e o segundo contra o Independiente. De igual modo, Guerrero não pôde atender aos jogos do Campeonato Brasileiro e, logicamente, participar da rotina de treinos e de preparação física".
Responsabilidade da FPF
"Fato é que, ao convocar e utilizar o atleta, a FPF se comprometeu a guardar pela saúde, probidade e boa imagem, garantindo que este retornasse ao CRF íntegro e apto a exercer as suas atividades".
Danos materiais e morais à imagem do clube
"Como dito inicialmente, o Flamengo investiu cerca de R$40.000.00,00 (quarenta milhões de reais) para ter o primeiro réu como um de seus principais jogadores. Evidentemente, este investimento foi realizado na expectativa de que o retorno viesse em títulos, atração de novos patrocinadores e, sobretudo, prestígio".
"Com efeito, ainda que o primeiro réu não tenha consumido a droga (o Flamengo não pretende fazer crer o oposto), os impactos advindos da dopagem pelo uso de tal substância foram extremamente negativos para a imagem do Clube, contrariando fins sociais que são pregados pela atual gestão do Flamengo".
"Durante o período em que o fatídico permaneceu na mídia, diversas foram as notícias vinculando o Flamengo ao doping do primeiro réu, ofuscando outros temas hodiernos e igualmente relevantes (do ponto de vista social e desportivo) que poderiam ter contribuído para enaltecer a atuação e a imagem do Clube dentro e fora de campo".
Perda de sócios torcedores, queda em vendas e chacota
"Em razão do ilícito, contudo, nada disso ocorreu. Ao revés, o Flamengo passou a suportar uma queda de desempenho considerável, arcar com perdas de sócios torcedores e redução da venda de produtos, além de ter virado motivo de chacota por ter o seu principal jogador do elenco vinculado ao consumo de substância metabólica da cocaína, consoante as inúmeras reportagens veiculadas na mídia"
"Portanto, em razão da conduta negligente dos réus – diametralmente oposta às condutas do CRF, que garante, com excelência, a integridade física de seus atletas –, o real e único prejudicado neste imbróglio foi o Flamengo, que, além de ter sofrido com a ausência de um de seus principais jogadores na final da Copa Sul-Americana, no Campeonato Brasileiro e no Campeonato Carioca de 2018 (fato este que não se estendeu à FPF, que contou com o Guerrero em todos os jogos oficiais), não teve o retorno financeiro e midiático esperado com a contratação do primeiro réu e, ainda, arcou com a mácula de sua imagem ao ter um de seus principais nomes vinculado ao uso de substância proibida no esporte"
"Após a derrota na Copa Sul-Americana, o Flamengo perdeu cerca de 25.000 (vinte e cinco mil) sócios torcedores (doc. 15), o que representa uma perda monetária de aproximadamente R$ 8,5 milhões. Não fosse o bastante, os patrocinadores, sobretudo a Caixa Econômica Federal, deixaram de aumentar as verbas destinadas ao clube"
"Nos dias que seguiram após a final da Copa Sul-Americana, bem como durante o Campeonato Carioca de 2018, o Flamengo experimentou uma queda na venda de produtos com a sua marca, o que será oportunamente confirmado em instrução probatória. Demais disso, houve uma queda de bilheteria considerável durante o campeonato estadual, quando comparado com o mesmo período no ano anterior, no qual o Guerrero jogou praticamente todas as partidas".
Premiações não conquistadas
O clube cita a não conquista do título da Sulamericana, competição que renderia U$ 2 milhões, tendo recebido apenas metade pelo segundo lugar. E a não conquista do Campeonato Carioca, no valor de R$ 3,5 milhões em premiação.
O blog está tentando contato com a Federação Peruana de Futebol e com os representantes do jogador para se manifestarem. Em audiência da outra ação movida pelo clube, nesta semana, os advogados de Guerrero foram procurados pela reportagem e não quiseram falar a respeito.
Fonte: Gabriela Moreira, repórter do ESPN.com.br
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