O Santos voltou a passear na Vila Belmiro. Depois de ter goleado o Cuiabá por 4 a 1 no último domingo (8), desta vez a vítima foi o Coritiba: 3 a 0. A vitória significou a classificação para as oitavas-de-final da Copa do Brasil, o que garantiu preciosos R$ 3 milhões como prêmio (no jogo de ida, os curitibanos venceram por 1 a 0).
O jogo desta quinta-feira (12) foi resolvido em apenas 19 minutos, mas é bom frisar que foram os primeiros 19 minutos do segundo tempo, pois na etapa inicial, embora o time tivesse tido 64% de posse de bola e finalizado dez vezes, o gol não saiu. A bem da verdade, apenas uma grande chance foi criada nos 45 minutos iniciais: uma cabeçada para fora do atacante Leo Baptistão.
Veio o segundo tempo e o torcedor ficou apreensivo, pois nenhuma modificação foi feita. Esperava-se que Ricardo Goulart desse lugar para alguém, uma vez que, novamente, a grande contratação do Santos para esta temporada voltou a jogar um futebol pequeno.
Foi então que aos três minutos da etapa final o zagueiro Leandro Castán fez uma falta violenta e absolutamente desnecessária em cima de Marcos Leonardo. Da cobrança desta falta saiu o gol de Marcos Leonardo, gol que (desculpem o clichê) abriu a porteira para a vitória e a classificação santista.
Aos 16 minutos Madson fez de cabeça o segundo gol (excelente assistência de Lucas Pires, a sexta dele na temporada, que o torna o principal garçom do time neste 2022) e três minutos depois Rodrigo Fernández fez um golaço em um foguete de canhota de fora da área.
Dali em diante o Santos meio que tirou o pé do acelerador e deixou o tempo passar, entre olés e uma ótima finalização de Rwan Seco que o goleiro Muralha espalmou e uma chance desperdiçada por Marcos Leonardo que se enrolou com a bola depois de ótimo passe de Angulo, que o deixou na cara do gol.
No último texto que escrevi sobre o Santos disse que a torcida terá missão importante nesta temporada, que é necessário ela tirar a bunda do sofá e ir para o estádio fazer o seu papel. E que se isso acontecer, a temporada terá um doce sabor.
Quase 14 mil torcedores estiveram presentes na Vila Belmiro (13.962 para ser exato) e ajudaram a empurrar o time para a vitória, contagiando os jogadores com seus cânticos, pressionando a arbitragem quando necessário e intimidando o adversário o tempo todo. Não é fácil jogar na Vila: ela é pequenina, é verdade, mas a arquibancada é muito perto do campo e a pressão é grande demais.
Portanto, o torcedor precisa fazer o papel dele: ir ao estádio e lotá-lo sempre. Jogar para menos de 14 mil pessoas por partida é inaceitável. E torno a falar: se a torcida fizer o papel dela, a temporada será surpreendente e saborosa, pois ninguém, depois que o Campeonato Brasileiro do ano passado terminou, dava nem um tostão furado sequer pelo Santos — nem eu, reconheço.
O time é hoje o segundo colocado no Brasileiro (melhor ataque e melhor defesa), está nas oitavas-de-final da Copa do Brasil (já acumulou R$ 7,67 milhões em premiações) e só depende de si para seguir em frente na Copa Sudamericana (fará os dois últimos jogos em casa).
O retrospecto recente do Santos é muitíssimo bom. Dos últimos seis jogos, o time teve um aproveitamento de 72,2%, pois venceu quatro, empatou um e perdeu apenas um, a polêmica derrota para o São Paulo no Morumbi. Nesta meia dúzia de partidas, o time marcou 13 gols (2,2 por jogo) e sofreu apenas quatro (0,67), tendo um saldo de nove gols.
O desempenho na Vila Belmiro, sob a gestão do técnico Fabián Bustos é perfeito. Em seis jogos, seis vitórias. A missão agora é melhorar a performance fora de casa, pois o argentino só conseguiu vencer uma partida das nove disputadas, com quatro derrotas e outro quarteto de empates. Isso dá um aproveitamento de apenas 26%. Tem que melhorar.
Domingo o Santos volta a jogar fora da Vila Belmiro. O desafio acontecerá em Goiânia, onde enfrentará o Goiás, que historicamente complica a vida dos santistas. Em 51 partidas, foram 19 vitórias do Santos, 16 dos goianos e 16 empates. O mais sofrido deles ocorreu em fevereiro de 1974, quando, em pleno Pacaembu e vencendo por 4 a 0 até os nove minutos do segundo tempo, permitiu o empate ao Goiás em 4 a 4. O Santos jogou com Cejas, Carlos Alberto Torres, Marinho Peres, Vicente e Zé Carlos; Clodoaldo (Roberto) e Léo Oliveira; Mazinho, Nenê, Pelé e Edu. Dá pra imaginar isso com uma equipe que tinha Pelé em campo? Não dava. Oito meses depois Pelé despediu-se do Santos.
Depois do Rei vieram Robinho e Neymar. E mais 16 títulos: uma Libertadores, uma Conmebol, uma Recopa Sul-americana, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil, um Rio-SP e nove Paulistas. Engana-se, portanto, quem diz que a história do Santos se resume a Pelé. A história é riquíssima dos primórdios até os dias atuais. E o torcedor deveria se orgulhar disso sendo mais parceiro do time, lotando sempre as arquibancadas da Vila Belmiro.
Santos se classificou para as oitavas da Copa do Brasil
Ivan Storti/Santos FC
Atuações
João Paulo — Viu o jogo dentro de campo. Nota 5.
Madson — Abandonado pelo sistema de Bustos (joga sozinho pelo lado direito), ainda assim conseguiu fazer um gol. Nota 7.
Velázquez — Outra atuação segura. De um chute seu nasceu o primeiro gol marcado por Marcos Leonardo. Nota 7.
Bauermann — Infalível quando foi exigido. Nota 8.
Lucas Pires — Outra grande atuação do garçom santista. Nota 8.
Rodrigo Fernández — Joga demais. O melhor em campo. Nota 9.
Zanocelo — Muito ativo e cada vez mais confiante. Nota 7.
Ricardo Goulart — Parece que desaprendeu a jogar futebol. Nota 4.
Baptistão — Assistência para o gol de Fernández e movimentação incessante. Nota 8.
Marcos Leonardo — Segue apanhando da bola, mas segue igualmente fazendo gols, e isso é o que importa. Nota 8.
Julio — Incrível, jogou bem! Nota 8.
Angulo — Deu uma assistência para Marcos Leonardo fazer o que seria o quarto gol, mas o camisa 9 apanhou da bola. Nota 6.
Sandry — Opa, lembrou o velho Sandry! Nota 7.
Rwan Seco — Jogou fora da posição e mesmo assim quase fez um belo gol. Nota 6.
Camacho — Jogou pouco tempo. Sem nota.
Felipe Jonatan — Idem.
Santos continua a envergonhar e a preocupar seus torcedores
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