Fluminense tem que colocar o coração de lado e contratar um treinador
É difícil falar de Abel Braga — por todos os motivos que a gente conhece. Mas eu não posso me furtar a comentar o trabalho dele como técnico do Fluminense, pois faz parte da minha profissão, e eu devo satisfações não só a mim mesmo, mas a quem me emprega e aos leitores e fãs de esporte que me acompanham.
Abel tem grande culpa na eliminação do Fluminense ontem (16) na Conmebol Libertadores. Sentou no resultado obtido no Maracanã na semana passada (vitória de 3 a 1). Achou que o placar seria suficiente para garantir a vaga em Assunção diante do Olímpia, um tricampeão de Libertadores que está em sua 36ª participação deste que é o mais importante torneio de clubes do nosso continente. Os paraguaios estão acostumados com ele, sabem como disputá-lo, enquanto o Fluminense, que nunca ganhou um título oficial internacional (é o único dos grandes do nosso futebol a não vencer), disputava apenas a sua oitava edição da Libertadores. Praticamente um novato na competição, que ainda não tem o entendimento correto de como se comportar em duelos desse tipo.
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Voltemos ao Abel.
Ele colocou o Fluminense na defensiva ontem à noite na capital paraguaia. Esqueceu de atacar. Esqueceu de jogar bola. Esqueceu de armar uma estratégia para machucar o adversário. Um gol feito obrigaria os paraguaios a marcarem três; dois e eles teriam que fazer quatro. E diante desses adversários, obstinados, acostumados a pelejar na Libertadores, se você não jogar bola, pode se dar mal. E foi o que aconteceu.
O Fluminense não pode jogar diante de ninguém do jeito que jogou ontem: acuado, acovardado, temoroso, medroso, dando bicos na bola para onde o nariz estava apontado. O Fluminense é um campeão brasileiro, e o Brasil é um dos grandes do futebol mundial. O Fluminense não jogou bola num apinhado Defensores Del Chaco — e deu no que deu.
A desclassificação da Libertadores jogou o Fluminense na Sul-Americana. Isso não é um consolo, isso significa que o Flu vai ter a oportunidade de disputar um título internacional que (como sabemos) ele não tem. E que, se vencê-lo, vai disputar a Recopa Sul-Americana contra o vencedor da Libertadores e ele poderá amealhar seu segundo título oficial internacional — e de quebra se garante na Libertadores do ano que vem ao vencer a Sula.
Mas para isso acontecer há que se fazer modificações. Como disse acima, é difícil falar de Abel Braga por todos os motivos conhecidos. Mas eu não posso me deixar influenciar por eles, pois, a partir do momento que Abel escolheu continuar na profissão, ele está sujeito a críticas. E é o que eu vou fazer neste momento: Abel não está na prateleira de cima dos treinadores do nosso futebol. Ele está lá embaixo, onde, diga-se, estão quase todos. Se eu fosse o presidente do Fluminense (Mario Bittencourt) não pensaria duas vezes em procurar um treinador fora do Brasil para comandar esse que é um dos melhores elencos do nosso futebol e que pode, sim senhor, ganhar um título nesta temporada. E um título internacional.
O Fluminense investiu pesado em seu elenco para entregá-lo a um treinador que, hoje, dos times grandes, só trabalha no Fluminense e no Internacional — e por razões sentimentais. E, convenhamos, você não pode comandar o futebol deixando-se levar por razões sentimentais. Futebol atualmente é muito mais do que isso. A ciência não pode e nem deve ser colocada em segundo plano por conta da batida do seu coração.

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