O Palmeiras precisa mesmo de um camisa 9?
O Palmeiras precisa mesmo de um camisa 9? E o Liverpool também precisa?
O Liverpool não tem esse camisa 9. Jurgen Klopp não o quer. Nem precisa. O que Klopp quer é bagunçar o sistema defensivo adversário. Levar a marcação do oponente à loucura. Para isso ele conta com as movimentações de seu trio ofensivo formado por Salah, Mané e Luiz Diaz. É uma correria só. Troca de posições. Campo aberto para se movimentar e usar o que eles têm de melhor: o talento. Engessados por conta da presença de um centroavante, eles não renderão certamente o que podem e, consequentemente, o Liverpool sairá perdendo. Klopp sabe disso.
Anote aí: mesmo sem um camisa 9, o Liverpool tem o melhor ataque da Premier League (o melhor e mais disputado campeonato nacional do planeta), com 70 gols marcados em 26 partidas, o que dá uma média de 2,7 gols por jogo. Na Inglaterra isso é muita coisa.
O Liverpool precisa de um camisa 9? Claro que não. O camisa 9 só facilitaria a marcação adversária (ele parafusa nas beiradas os outros dois atacantes agudos), pois não causa dúvida e nem desgasta física e mentalmente os marcadores. Quando eu falo em parafusar os dois atacantes nos cantos, evidentemente não estou falando que lá eles ficarão o tempo todo. Longe disso. Eles se movimentam, óbvio, mas a presença do tal camisa 9 poderia causar colisões técnicas e táticas e daria ao outro time um melhor entendimento do sistema. Por isso ele é desnecessário.
Voltemos ao Palmeiras. O Palmeiras pode fazer o que o Liverpool faz. Mas seus jogadores de beiradas têm que se mexer mais, têm que ser mais agudos, têm que estar mais presentes em outras partes do campo e principalmente têm que ter mais fome de gol. No jogo de ontem (vitória sobre o Athlético por 2 a 0 e a conquista da Recopa Sul-americana), o mapa de calor de Dudu, por exemplo, mostrou o jogador praticamente em cima da linha lateral o tempo todo. Dudu não pode ficar tão longe do gol como ficou ontem. Ele tem bola, arsenal e QI de futebol elevados pra jogar não apenas onde ele jogou. O mesmo valeu para Veron e Wesley. Esses jogadores de beirada têm que usar mais Rony e, junto com Raphael Veiga, dançar uma ciranda ofensiva que certamente deixaria boquiabertos e estupefatos os adversários — e olha que nem estou falando de Danilo (que jogador extraordinário!), Scarpa e Zé Rafael.
Abel Ferreira colocou Rony no time como um centroavante (que ele não é), mas Rony é um atacante rápido, que se movimenta demais, abre espaços para os companheiros atacarem, chuta quando ninguém espera e leva balbúrdia ao sistema defensivo adversário. Isso foi um achado do treinador palmeirense. Mas o que ele poderia fazer (penso eu) era o que Klopp faz no Liverpool: usar mais a movimentação de seu trio ofensivo, como disse acima, no parágrafo anterior, de modo a: 1) criar espaços onde aparentemente não tem; 2) confundir os zagueiros com tanta movimentação; 3) cansar os beques, que normalmente são grandes e pesados; 4) fazer gols; 5) ganhar partidas; 6) conquistar títulos.
Com essa formação e com Raphael Veiga livre para se movimentar, como falei acima, o Palmeiras poderia perfeitamente jogar num 4-2-4 ou num 4-2-1-3. Ficaria muito exposto? Mas eu pergunto: quem iria bisbilhotar a defensiva palmeirense? Só três times poderiam fazer isso: Flamengo, Corinthians e Atlético-MG. Quando for jogar contra eles, aí é outra história. Quando não for, não há motivo para não se ter esses quatro atacantes na frente.
Não, o Palmeiras não precisa de um camisa 9. Numa necessidade pontual, ele usaria Deyverson ou Rafael Navarro. Mas do jeito que esse time pode jogar, por conta das características de seu quarteto ofensivo, esse camisa 9 só iria ganhar calo na bunda de tanto que ficaria sentado no banco de reservas. E causaria danos desnecessários aos cofres palmeirenses.
Definitivamente, não: o Palmeiras não precisa de um camisa 9.

O Palmeiras precisa mesmo de um camisa 9?
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