As Caixas de Pandora do Santos
No Santos há várias Caixas de Pandora e todos os dias abre-se uma. A última a ser aberta revelou que o atacante Weslley Patati tem contrato com o clube até o final deste ano.
Quem é Patati? Patati é um menino da base do Santos que está jogando a Copa São Paulo de Futebol Júnior e que já teve algumas convocações para a seleção brasileira. Na vitória desta quinta-feira (6/1), ele teve ótima atuação. Entrou no intervalo da partida que estava empatada em zero contra o Rondoniense e e marcou dois gols, deu uma assistência e sofreu um pênalti (desperdiçado por Rwan Seco). Foi o nome do jogo em apenas 45 minutos. Como Patati tem contrato com o clube até o final deste ano, no meio deste 2022 ele pode assinar com quem quiser. Pode acontecer um troço desses? Pode, tanto pode que acontece e não é o primeiro caso. O caso Patati é mais um semelhante ao de Marcos Leonardo, que se assemelhou ao de Kaio Jorge.
Por que chegou-se a esta situação? Porque gente inábil cuida da base do Santos. Felipe Gil é o atual coordenador das categorias de base do clube. Que está no Santos porque foi contratado por Jorge Andrade, que esteve no Santos porque foi contratado pelo presidente Andrés Rueda, que demorou para contratar gente do ramo e dispensar os que lá estavam.
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É inegável o trabalho de Rueda quando o assunto são as finanças do clube. O Santos vive situação crítica, de pobreza, que vem sendo solucionada pelo atual presidente. Mas ele foi muito mal na condução do futebol em seu primeiro ano como presidente. Colocou gente despreparada para gerir o departamento e o resultado é esse que estamos vendo e vimos: time brigou para não ser rebaixado no Paulista e no Brasileiro. A situação começou a ser solucionada com a chegada do ex-jogador Edu Dracena, em outubro passado, Dracena que foi o capitão do time que conquistou a Libertadores em 2011. Ele foi contratado para ser o executivo de futebol. Com a chegada de Dracena, o Santos, que se encontrava no Z-4 do Brasileiro, fez uma campanha espetacular e terminou a competição na 10ª colocação. Agora ele faz o possível e o impossível para montar um time decente para esta temporada para evitar os perrengues da passada.
Mas está difícil.
Está difícil porque o clube não tem dinheiro e sem dinheiro não tem como brigar por contratações (vide o caso do meia Nathan, que preferiu deixar o Atlético-MG e jogar no Fluminense porque o time carioca ofereceu um contrato mais vantajoso). As contratações do Santos até o momento resumem-se a dois nomes: o zagueiro Eduardo Bauermann, ex-América-MG (que assinou um pré-contrato antes da chegada de Dracena) e Bruno Oliveira, um meia que jogou a Série B pelo Vitória e foi rebaixado com o time baiano para a Série C.
O Santos lutou por Nathan — não conseguiu. Luta agora, por exemplo, para ter Ricardo Goulart, mas até agora não conseguiu fechar com o jogador, que pede um dinheiro que o Santos não tem como pagar e que tenta, através de engenharias financeiras, encontrar alguma resposta para resolver essa equação. Mas não está fácil, pois Rueda não quer endividar ainda mais o clube, que neste ano que passou conseguiu bons resultados financeiros, a ponto de a dívida ter diminuído. Por conta disso, Dracena tem um X para gastar. Se entregar todo esse dinheiro nas mãos de apenas um jogador, não terá como atender os pedidos do técnico Fábio Carille, que já solicitou um lateral-esquerdo, um reserva para a direita, um volante e um centroavante.

Dracena está metido numa enrascada. Ele come e dorme pensando na montagem do time profissional. Por conta disse, não teve tempo até o momento para olhar com cuidado para a base. De repente, é surpreendido com essa notícia do Patati.
E sabe o que será feito? Será feito o que Dracena já disse que será feito, e eu repito: Patati, se não renovar o contrato, ficará jogando na base e o profissional perderá a oportunidade de ter um menino da Vila no seu quadro, um menino que pode ser a solução de alguns problemas, como a história tem nos mostrado. Dracena não quer valorizar jogador no time de cima, amadurecê-lo, para que ele assine contrato com outro time e vá embora, como ocorreu com Kaio Jorge e pode ocorrer com Marcos Leonardo. Dracena está certo. Se isso tivesse sido feito no passado, o presente do Santos seria outro e o futuro menos preocupante.
Uma providência Dracena já tomou: ligou para Branco, coordenador das categorias de base da seleção brasileira, e pediu: "Fale comigo antes de convocar um jogar do Santos". Com isso Dracena quer evitar que outros abacaxis caiam em suas mãos quando ele está tentando se livrar da batata quente que a ele foi jogada em outubro passado quando el foi contratado para gerir o futebol do Santos.
O estresse do executivo de futebol, o estresse de Edu Dracena não é pequeno. Nesta quinta-feira foi diagnosticado com Covid. Está assintomático, mas está cansado porque está difícil solucionar os problemas de um time problemático, problemático porque não tem dinheiro, foi sucateado na base e contou com profissionais que fizeram um péssimo trabalho enquanto estiveram no clube.
Rueda precisa tomar cuidado, senão Dracena pode ser a nova Caixa de Pandora do clube.
Abre os olhos, Rueda!
As Caixas de Pandora do Santos
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