O feito de Stephen Curry vai muito além dos números
Dizem que Stephen Curry entrou para a história da NBA ao estabelecer a marca de 2.977 chutes certeiros de três pontos ao encestar cinco das 14 bolas tentadas na vitória de ontem (14) do seu Golden State sobre o New York Knicks (105 a 96) em pleno Garden nova-iorquino. Pelo fato de o milestone ter sido conquistado no Madison, que é tido no planeta basquete como a meca do esporte da cesta, dizem, a festa foi ainda maior. Curry superou Ray Allen, detentor da melhor performance até então com 2.973 cestas certeiras de três ao longo da carreira.
Números.
A grandeza do feito de Curry, todavia, não está nos números. Não se prenda a eles. Não se deixe escravizar por eles. Eles são importantes, é claro, mas não é o mais importante, especialmente nesse caso.
Curry escreve um novo capítulo na rica história do basquete não por conta desta nova marca estabelecida. A grandeza do feito de Curry está no fato de que ele mudou o jeito de se jogar basquete. Por causa de seus arremessos precisos de três pontos, o seu Golden State ganhou três títulos dos últimos sete disputados — e poderia ter vencido outros se Klay Thompson (seu grande companheiro de quadra) não tivesse se lesionado tanto. Por causa dos seus enlouquecedores arremessos triplos os outros times perceberam que se não utilizassem essa arma (letal) eles não teriam futuro no jogo.
Tudo por causa de Curry e seus empolgantes arremessos de três, que num primeiro momento pareceram amalucados, mas que agora, com o passar do tempo, todos perceberam que esta é a nova ordem no basquete mundial. Time que não tem arremessadores precisos de três não chega a lugar nenhum.
A obsessão é tão grande que até os pivôs têm que arremessar de três. Caso contrário, esquentarão o banco e terão poucos minutos em quadra. Nikola Jokic arremesa de três; Joel Embid arremessa de três; Kristaps Porzingis arremessa de três; Nikola Vucevic arremessa de três. Exemplos.
Outra estratégia, também por causa dessa nova maneira de se jogar basquete, é usar os alas de força no lugar dos pivôs. Por quê? Porque são mais ágeis e estão à disposição para os arremessos longos. Ou então, por conta de sua leveza, eles abrem o garrafão e permitem que armadores e alas infiltrem e façam bandeja na maior moleza do mundo. Mas se houver uma dobra para dificultar a infiltração, alguém estará livre , atrás da linha dos três, normalmente, para receber o passe e... pimba!
A mania pelas bolas de três (criadas por Curry, não se esqueçam) é tão grande que alguns times usam alas para fazer a posição do pivô. PJ Tucker fez isso no ano passado com o campeão Milwaukee. LeBron James faz o mesmo no Lakers e Kevin Durant no Brooklyn.
Por conta desse novo jeito de jogar basquete (valorização das bolas longas, determinada por Stephen Curry, faço questão de frisar uma vez mais), aqueles velhos pivôs do tipo Kareem-Abdul Jabbar, Wilt Chamberlain, Shaquille O´Neal e Bill Russell tornaram-se obsoletos. Daqui a pouco serão peças de museu. Não caberão mais no jogo atual.
Portanto, como se vê, Curry não fez história ontem. Curry vem fazendo história. Ele mudou o jeito de se jogar basquete. Esse é o seu maior feito. Por isso, ele vai entrar para a história. E não porque acertou um número X bolas de três ao longo de sua carreira.
O que Curry vem fazendo nada tem a ver com números.

O feito de Stephen Curry vai muito além dos números
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.