A imponência de um gigante chamado Palmeiras
Com Deyverson 'herói improvável', Palmeiras é tricampeão da Libertadores; veja as melhores imagens da final
O Palmeiras foi gigante. Venceu um campeonato em que apenas palmeirenses acreditavam que fosse possível. Mesmo assim, diga-se, muitos achavam que não ia ser possível.
O Palmeiras foi gigante porque foi estrategista, enquanto seu adversário viveu na crença do país e de seus fanáticos torcedores de que era o melhor e que por isso venceria. Não venceu porque...
O Palmeiras foi gigante. Preparou-se para a decisão. Humildemente aceitou o fato de que era inferior ao seu adversário. Preparou-se assim, para reagir e não agir, pois agir significaria se expor e em se expondo, poderia ser derrotado. Não o foi porque foi inteligente.
O Palmeiras foi gigante porque seu técnico foi inteligente, ao contrário do técnico adversário. Abel Ferreira trouxe uma estratégia para o campo de jogo; enquanto o Renato Gaúcho não mostrou nada de novo, nenhuma surpresa, nenhuma nova cartada, acreditou apenas no potencial técnico de seus jogadores. Numa decisão dessa grandeza, era muito pouco — como o foi —, porque do outro lado estava Abel, o pensador, que pensou debruçou-se a estudar seu adversário e pensar em armadilhas para capturar o inimigo.
O Palmeiras foi gigante. Não precisou torrar milhões de reais para encorpar-se ainda mais. Encorpou-se ainda mais por conta da inteligência de seu treinador e a dedicação obstinada de seus jogadores. Abel fechou os ouvidos àqueles que queriam isso e aquilo, que não se conformaram com o time reserva que entrou em campo para enfrentar (e perder) o São Paulo. Abel olhou para o presente, respeitou o passado, mas não se rendeu a paixão dos palmeirenses a Dudu, que jogaria para o time e não o time para ele, como sempre aconteceu antes da era Abel Ferreira. Dudu nunca foi o principal artista da companhia aos olhos do português. Por isso foi sacrificado e substituído na etapa final da final (Palmeiras 2 x 1 Flamengo, Palmeiras campeão da Libertadores), enquanto que Rony, que muitos não dão nada a ele, foi mantido em campo lutando, porque era preciso lutar, como lutou Gustavo Scarpa, que jogou de lateral-esquerdo (e não de ala, faço questão de frisar) ajudando a compor a linha de cinco, como Mayke que acabou titular no lugar de Marcos Rocha (suspenso) e tornou-se não apenas o lado direito da linha de cinco, mas também o desafogo quando era possível desafogar(lembram do primeiro gol?). E já que falei no Dudu, curvo-me à sua dedicação e humildade, abrindo mão de seu status de estrela aos olhos palmeirenses, para jogar lá atrás, fechando o lado direito da segunda linha, que às vezes era de três, às vezes de quatro, não comportando-se como uma prima donna, aceitando seu papel, que não era o principal, porque no Palmeiras de Abel ninguém tem papel principal; todos são importantes, como importante se tornou Raphael Veiga, até então um patinho feio que chegou bonito do Coritiba, que não foi aproveitado corretamente por nenhum outro treinador que passou pelo Alianz, e que por isso acabou sendo emprestado ao Athlético Paranaense, voltou ao Palmeiras, voltou a ser esquecido, até que Abel chegou, chegou para aflorar o talento de um talento que técnicos brasileiros não conseguiram enxergar.

O Palmeiras foi gigante, como gigante foi Gustavo Gómez, o melhor zagueiro paraguaio que eu vi atuar em mais de cinco décadas vendo o futebol. Jogou pelo lado direito (e não pela esquerda, como o faz habitualmente), porque a esquerda do Flamengo é que oferecia mais perigo. Deu suporte a Mayke (o reserva que se tornou titular, lembra-se?), fechou o setor e só não foi perfeito porque os cariocas fizeram seu gol por ali, mas isso não reduz em nada o gigantismo do paraguaio, o melhor zagueiro em atividade no Brasil. E tem a molecada da base, como esse Danilo, que corre sem se cansar, porque se comporta como um adulto que conhece todos os atalhos do campo, que chateia o adversário que tem a bola por conta de sua presença constante a importuná-lo, que sai feito um rojão de seu campo defensivo em direção ao ofensivo e pisa na área adversária normalmente desmarcado, pois quem tem que o marcar não sabe de suas qualidades e, quando descobre, não tem pernas para correr atrás dele. Dele e de Patrick de Paula, outro moleque porreta de bom, que desarma, arma, chuta, que não se entrega jamais.
O Palmeiras é gigante. É gigante porque teria muito mais pra falar e tornaria esse texto longuíssimo, mas não quero torrar mais a sua paciência, querido leitor, tomando ainda mais o seu tempo para encher ainda mais a bola (merecidamente) desse tricampeão da América.
O Palmeiras foi, é e sempre será gigante.
A imponência de um gigante chamado Palmeiras
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.