Conversa com um amigo vascaíno
Bom dia, Fernando.
Tudo bem?
E o Vasco, inacreditável!
Mais um ano na Série B — ao que tudo indica.
Olha o potencial do Vasco!!!
Seu patrimônio físico e de títulos.
O tamanho de sua torcida.
Localizado na cidade mais charmosa e uma das mais ricas do Brasil.
Definha feito um time qualquer.
Como pode isso?!?!?!?!?!
Fala, Sormani!
Incrível!
Concordo com você.
Em nenhuma rodada o Vasco ficou no G4.
Tudo por conta de incompetentes, Fernando.
Tudo por conta de incompetentes que por lá passaram e presidiram o clube por anos.
Desgraçaram o Vasco.
Pura verdade, mas o presidente atual, Jorge Salgado, é um cara muito sério.
Deu azar.
Dois anos na Série B.
Salgado é um cara muito rico, trabalha anos no mercado financeiro.
Dono de corretora.
É de família portuguesa rica.
Fez fortuna no mercado financeiro.
Peladeiro e vascaíno fanático desde sempre.
Mas errou nos treinadores e montagem de elenco.
Na Série B você tem que ter treinador de Série A.
Mas o cara tem administrado bem o Vasco.
Arrumou uns patrocínios bons.
Estamos com a camisa mais valorizada em termos de patrocínio do que quando estávamos na Série A.
Sabe o que eu acho, Fernando?
Presidente tem que fazer isso: cuidar do administrativo.
Não tem que montar time.
Tem que contratar um especialista no assunto pra fazer isso.
De preferência um ex-boleiro.
São raros os casos que não-boleiros conseguem montar times.
Quem contratou no Vasco?
Alexandre Pássaro.
Ex-boleiro?
Não.
Concordo com você, Sormani.
É mais um dândi no futebol.
Cheio de cursos aqui e ali, intercâmbios na Europa, especialização em Harvard.
Fala várias línguas.
Mas eu te pergunto: fala a língua do boleiro?
Pois é, se não for ex-boleiro, tem que ser como o Marcos Braz.
O Braz domina o vestiário.
Fala o que os boleiros entendem.
Entende os boleiros.
O Vasco é uma zona, Sormani.
A eleição do Vasco ficou sub judice mais de um ano.
Dois grupos reivindicando a presidência.
Clube muito dividido politicamente.
Uma zona, como eu falei.
***
E fomos, Fernando e eu, conversando sobre o Vasco, Vasco por quem o coração dele palpita. Por isso, ele, todo choroso, foi reclamando da situação, reclamando de jogadores que não poderiam vestir a camisa do Gigante da Colina, que tanto me marcou na infância, seja ela a branca ou a preta, mas eu gostava da meia toda zebrada. Era imponente, chamava a atenção. Fernando me falou: "Do time atual eu deixava o Vovô (Nenê) e o Cano. E o Riquelme e outros da base. Pra sair? Pra ontem: Marquinhos Gabriel, Zeca, Andrey e Vanderlei".
E fomos, Fernando e eu, conversando pelo WhatsApp, quando poderíamos estar numa mesa de bar, num ponto qualquer do Rio, de frente para o mar, bebericando uma cerveja, aproveitando a atmosfera da cidade. Conversando, conversando, conversando.
Foi então que eu me dei conta de que a nossa conversa tinha acabado de me remeter a uma das mais belas canções da MPB: "Amigo É Pra Essas Coisas". Uma conversa de bar entre dois amigos, um que se deu bem na vida e o outro, lastimoso, reclamando dos percalços da vida e do infortúnio no amor.
Uma letra belíssima de Aldir Blanc. Um vascaíno que nos foi tirado recentemente por esse vírus maldito e que, se aqui estivesse, estaria sofrendo como se Rosa fosse o amor de sua vida.
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