Ah se tivesse vencido o Fluminense...
Os torcedores do Flamengo devem ainda estar se martirizando por conta da derrota por 3 a 1 de sábado passado (23) no Maracanã diante do Fluminense. Derrota para um time que, quatro dias depois, esteve na Vila Belmiro e foi batido pelo Santos por 2 a 0, Santos que se encontrava na zona do rebaixamento do campeonato e que havia vencido uma das últimas quinze partidas!
Os rubro-negros não digeriram ainda o revés diante dos tricolores. Claro que ele está comemorando a vitória deste sábado (30) frente ao Atlético Mineiro (1 a 0) no mesmo Maracanã onde foi derrotado uma semana antes. Claro que comemora. Comemora porque vitória é vitória (quem gosta de perder?), porque tira o time de um incômodo jejum de quatro jogos sem vencer (duas derrotas e dois empates), porque dá alento para o futuro (decisão da Libertadores), porque melhora o astral do vestiário do time (leia-se Renato Gaúcho).
Mas que o torcedor ainda não digeriu a derrota para o Fluminense, isso não digeriu.
Encalço
Se o Flamengo tivesse batido o Fluminense (e essa era a lógica), descontando os jogos atrasados (vencendo-os, é claro), ficaria a apenas um ponto do líder. E isso colocaria muita pressão nos mineiros, um time que não está acostumado a conquistar títulos importantes. A história do Galo diz isso.
De todo o modo, a vitória deste sábado por 1 a 0 (gol do Michael), pode colocar fogo no campeonato, como disse o Antero Greco em seu blog (leia aqui). Pode, repito. E só vai colocar se o Galo ratear nos próximos jogos. Mas não é esse o perfil desse time. Todas as vezes que foi colocado nas cordas, os mineiros souberam reagir e construíram vitórias importantes. O ponto fora da curva foi a eliminação para o Palmeiras na Libertadores, uma injusta eliminação, diga-se, pois o time perdeu para o regulamento e não para o Palmeiras.
A tabela do Atlético não é nada complicada. Seus próximos três jogos serão em casa: Grêmio, América e Corinthians. Depois sai para enfrentar Bahia e Athlético-PR, que estará a quatro dias da decisão da Sul-americana e deve jogar com um time reserva. Depois recebe o Juventude, sai para enfrentar o Palmeiras (que estará a três dias da final da Libertadores; time reserva, óbvio), recebe Fluminense e Bragantino e encerra o campeonato jogando em Porto Alegre contra o Grêmio, que pode já estar rebaixado.
Seria uma tabela incômoda se Athlético-PR e Palmeiras estivessem focados no Brasileiro, mas não estarão. No Corinthians eu não confio. Resta o Bragantino. Fora de casa tem ainda o Bahia, que faz uma campanha melancólica.
O Atlético é o melhor time do Brasil no momento, mas que o calendário, que mistura competições, ajuda, isso ajuda.
Atlético só perde esse Brasileiro para ele mesmo.

Perseguição
Dos onze jogos que o Flamengo terá até o fim do campeonato, cinco serão em casa: Atlético-GO, Bahia, Corinthians, Ceará e Santos. O único que pode criar algum problema (teoricamente, é bom dizer) é o Corinthians — embora eu não confie no Corinthians, como disse acima. Os demais são ganháveis, sem muito esforço.
Fora de casa o rubro-negro pega Athlético-PR, Chapecoense, São Paulo (reencontro com Rogério Ceni), Internacional, Sport e encerra sua participação contra o Atlético, em Goiânia. Tabela chata (leia-se São Paulo e Inter); digo chata porque o Flamengo, se quiser ser tri, não poderá perder mais ponto algum.
Ah se tivesse vencido o Fluminense...
Celeuma
Carlos Sartori, outro blogueiro da ESPN, causou um tumulto danado em seu texto recente onde ele defende a titularidade de Michael no Flamengo (leia aqui). Ótima discussão: Michael tem de ser mesmo titular desse time do Flamengo? Se sim, no lugar de quem?
Minha resposta: sim, Michael tem que ser titular neste momento.
No lugar de quem? Éverton Ribeiro.
Um amigo, na manhã deste domingo, flamenguista fanático, mandou-me a seguinte mensagem (entre tantas outras): "Pra vc ver o que é o futebol: Carille é campeão Brasileiro. É aquilo de estar no lugar certo no momento certo. Por isso que o E.Ribeiro é tetracampeão brasileiro".
Exagero dele? De jeito nenhum — penso eu.
E meu amigo completou: "Tem gente que nasceu com sorte de estar nos momentos certos em várias ocasiões da vida".
Perfeito.
Por isso, defendo a titularidade do Michael na vaga do Éverton Ribeiro. O tetracampeão brasileiro é um sortudo — embora tenha suas qualidades como jogador, obviamente; ele não é um zero à esquerda —, mas está longe de ser um jogador de seleção, coisa que ele é porque o técnico da seleção chama-se Tite.
Eu formaria o Flamengo, do meio para frente, desta maneira, neste momento: Arão e Andreas Pereira, com Arrascaeta (quando voltar) à frente deles, com liberdade de movimentação, e na frente Michael, Gabriel (Gabigol) e Bruno Henrique. Perde na marcação?; não creio, pois jogadores de hoje têm que ajudar quando não têm a bola. Perde na armação?; não creio, pois isso daria liberdade para Felipe Luís fechar e compor o meio-campo, numa movimentação que levaria naturalmente Arrascaeta para a esquerda (onde ele mais gosta de estar) para tabelar com Bruno Henrique, que também gosta de espaço (leia-se isolamento) para suas arrancadas estrondosas, que nem animal aguenta, como diz o João Guilherme, narrador da ESPN.
Gostaram do time que eu montei?
Vidro
Rodrigo Caio é um ótimo zagueiro, mas, infelizmente, é de vidro. Machuca-se demais. Por conta disso, não dá para confiar nele uma temporada toda. O Flamengo precisa urgentemente de dois beques: um central e um quarto-zagueiro. Esse é o calcanhar de Aquiles do Flamengo, muito mais do que Renato Gaúcho.
Reclamos
Jogadores do Atlético deixaram o gramado do Maracanã reclamando da cera do goleiro Diego Alves do Flamengo. Choro de perdedor? Depende do que se pretende ao discutir a questão. Reclamação por reclamação nada mais é do que choro de perdedor. Mas iniciar uma campanha para acabar com essas farsas que existem em campo (jogadores simulando lesões para ganhar tempo e impedir ataques adversários; demora na reposição da bola), isso é válido.
Mas é bom dizer que o que o Flamengo, na figura do Diego Alves, fez ontem nada mais é que um apêndice de um órgão doente, infectado por jogadores malandros que acham que ser malandro é ser esperto. Os que riram ontem vão chorar amanhã; os que choraram ontem vão rir amanhã.
Todos fazem isso. Portanto, nada a reclamar. Tampo os ouvidos para esses reclamos.
A menos que os jogadores estejam amadurecendo e queiram acabar com a malandragem.
Ah se tivesse vencido o Fluminense...
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