A maternidade que seria impossível: conheça a linda história da paratleta Verônica Almeida
O dicionário define: mãe é a mulher que dá à luz, que cria ou criou um ou mais filhos; mas a gente sabe que o mundo não é apenas feito do que consta nas páginas de um glossário, as relações vão além das definições, e essa palavra é alicerce de muito, de aconchego, de porto seguro, de conhecimento, de educação, de amor, de sentimentos.
Mãe pode ser de sangue ou não, tem mãe que é avó, tia, irmã, amiga, mãe emprestada, “boadrasta”. Aliás, tem pai que é mãe. Nessa hora, não nos prendamos então em explicações, vamos ser objetivos: essa palavrinha é curta, é linda e é infinita, mãe é simplesmente TUDO.
As vésperas desse dia que é comemorado mundialmente, decidi publicar aqui uma história inspiradora de uma brasileira que já teve grandes reconhecimentos esportivos, foi bronze na natação nas Paralimpíadas de Pequim em 2008, entrou para Guinessbook por ter realizado uma travessia na Bahia sendo a atleta mais rápida a nadar 10km em mar aberto com apenas um braço, e que além de tudo isso (que já é muito), conseguiu algo ainda mais impressionante.
Talvez muitos não a conheçam (e deveriam), mas a baiana Verônica Almeida é a personificação da palavra superação. Com uma história que poderia inspirar enredo de filme de Hollywood (aliás, já virou roteiro de documentário), a paratleta é a prova de que a vida nos exige determinação constante, de que a fé não tem limites e de que vencer vai além das medalhas. Em todos os dias temos nossas batalhas, e essa é uma trajetória de tirar o fôlego, de marejar os olhos e prender a atenção.

Durante boa parte da vida, Verônica teve uma rotina normal. Formou-se em Educação Física e trabalhou numa academia de luxo em Salvador, até descobrir a síndrome de Ehlers-Danlos, uma doença genética que provoca uma deficiência na produção do colágeno, a proteína que une e fortalece os tecidos do corpo, que dá sustentação à pele, aos músculos, ossos e órgãos. De um dia para o outro, perdeu os movimentos, a força, passou a usar cadeira de rodas e recebeu a previsão: “Você tem um ano de vida!”. Assim. Você já pensou o que faria sabendo que lhe restam apenas 12 meses? Verônica decidiu contestar. Em 2007, se dedicou a estudar a doença degenerativa. Na busca na Internet por meses a fio, encontrou um tratamento experimental na França, onde 20 pessoas seriam selecionadas mediante o pagamento de 60 mil euros.
Em 28 dias, com ajuda de amigos, familiares e desconhecidos, arrecadou 30 mil euros, metade do valor. As vésperas de viajar, participou de uma palestra em que conseguiu levantar outros 30 mil euros. Na comoção pela fala de Verônica na ocasião, um dos ouvintes fez um cheque para a brasileira. Desfecho perfeito. Ufa. Pensa que acabou? Não mesmo. Ao chegar em Paris, com o dinheiro contado, precisou viver nas ruas durante cinco dias, comendo restos de comidas de restaurantes até que o tratamento efetivamente iniciasse. Teve ainda que conseguir laudos que atestassem a compatibilidade para começar o estudo-teste.
Mais de dez anos desde o começo do tratamento experimental, Verônica é a única sobrevivente do grupo de 20 pessoas pesquisadas pelos franceses. Paratleta desde então, ela tem melhorado a qualidade de vida, surpreendendo todos os prognósticos médicos. E essa mulher incrível tem ainda outra vitória em sua história, a que considera o maior feito, ela conseguiu engravidar. O impossível (o útero não sustenta uma gravidez sem o colágeno) aconteceu, num caso único ela levou a gestação até o nascimento dos filhos: Bianca e Marcelo. Sim, gêmeos!
A convite do EspnW Verônica Almeida escreveu uma emocionante carta para os filhos:
"Queridos filhos!
No Domingo é Dia das Mães, mas como vocês são meus maiores presentes, é justo que a homenagem seja feita de mim para vocês. Afinal, há 13 anos essa data tem um sabor mais que especial. Filhos mais que desejados e planejados. Uma espera cheia de amor, carinho e dedicação.
Recebi então meu primeiro presente: Não é um. São dois. Meu coração caberia tanto amor? Felicidade me definiu! Segunda grande descoberta: é um casal!
O que eu queria mais da vida?Fui abençoada com um casal de gêmeos, com saúde e lindos!
Desde então, minha vida se transformou num mundo de cores, dividida entre o azul e o rosa. Minha vida não é mais minha. Não caminho mais só olhando para frente. Por vocês eu vivo. E vocês como sempre, de mãos dadas comigo.
Considero a maternidade o momento mais importante e desafiador da minha história. Ser mãe é conseguir tempo para eles mesmo tendo a vida corrida de uma atleta “viajadeira” como dizia meu filho aos 4 anos. É dar protagonismo à vida deles durante a minha ausência. É doar o meu melhor e mostrar o quanto o amor e o carinho andam de mãos dadas nesse desafio que é ser mãe atleta. É o trabalho mais árduo da mulher, mas o mais recompensador da vida dela.
Não me agradeçam por essa mãe que tanto me dizem eu ser todos os dias. Eu que tenho muito a agradecer a vocês.Por esse amor incondicional e verdadeiro. Te amo infinito meu urso e minha Liquita (Marcelo e Bianca)!"
Fonte: Bibiana Bolson
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