
A seleção francesa de 1998, que conquistou a Copa do Mundo batendo o Brasil com um inapelável 3 a 0 na final, tinha muitos craques, como Zinedine Zidane, Thierry Henry, David Trezeguet, Robert Pirès, Patrick Vieira, Lilian Thuram, Marcel Desailly e Youri Djorkaeff, só para citar alguns. Os próprios franceses, porém, também reconhecem que aquele elenco também possui o jogador que é provavelmente o campeão mundial mais "grosso" da história: o atacante Christophe Dugarry.
O matador foi revelado pelo Bordeaux, pelo qual teve um bom início de carreira, sendo um dos destaques do vice da Copa da Uefa de 1995/96. Ao final da competição, acertou sua transferência para o Milan, em quem havia feito dois gols nas quartas de final.
A partir daí, o francês deu início a uma trajetória recheada de decepções. Primeiro, fracassou no Milan, fazendo meros cinco gols em 27 partidas. Ainda assim, o Barcelona apostou em seu futebol na temporada seguinte, só para ter uma frustração ainda maior.
"Tentarei igualar Ronaldo", prometeu Dugarry, em sua apresentação no Barça, em 3 de julho de 1997, no Camp Nou. Ele havia sido contratado como substituto do "Fenômeno", que havia acabado de acertar sua ida para a Inter de Milão. Com uma declaração dessa, só criou ainda mais expectativa em cima de si.
Contudo, o centroavante fracassou miseravelmente. Fez apenas 13 partidas em seis meses e não conseguiu marcar um golzinho sequer. Para piorar, não caiu nas graças do técnico Louis van Gaal, principalmente depois que acertou uma bolada na cara do holandês durante um treino - Dugarry jura até hoje que foi sem querer.
Quando não aguentava mais, o francês teve que fingir chorar para conseguir deixar o Barça, já que o técnico da seleção francesa, Aimé Jacquet, avisou que só levaria para a Copa do Mundo jogadores que estivessem jogando como titulares em suas equipes. Nesse período, Dugarry só esquentava o banco ou entreva improvisado em outras funções.
"Eu não aguentava mais (ficar no Barcelona), e Jacquet ainda disse aos jogadores que tínhamos que ser titulares em nossos clubes. Então, fingi chorar e disse a Van Gaal: 'Não aguento mais, quero ir embora!'. Ele me olhou com aquela cara de sempre e disse: 'Não se vá, eu acredito em você'. A minha vontade era gritar com ele: 'É sério que você acredita em mim? Então por que me escala de lateral esquerdo?'. Foram seis meses horríveis no Barcelona, vivi um inferno", contou o ex-atleta.
Por fim, Dugarry conseguiu sua transferência e foi para o Olympique de Marselha em 1998, virando titular e sendo convocado para a Copa do Mundo em seu país natal. Na campanha, ele fez um gol na fase de grupos e de alguma forma ajudou os Bleus a ganharem seu primeiro e único título mundial. Ele ainda faturou a Eurocopa de 2000 e a Copa das Confederações de 2001 com a equipe nacional.
Daí para frente, porém, sua carreira em clubes seguiu uma decadência cada vez pior. Ele jogou mais uma vez pelo Bordeaux, desta vez sem nenhum sucesso, e passou por Birmingham City-ING e Qatar Sports Club-CAT antes de pendurar as chuteiras, em 2005.
- Hoje ele é 'corneteiro' no rádio
Após se aposentar, Dugarry montou um restaurante em Bordeaux ao lado de Zinedine Zidane, um de seus melhores amigos no futebol: o Nulle Part Ailleurs ("Em nenhum outro lugar") - o local, inclusive, segue em atividade até hoje, apesar de ter avaliações apenas medianas em sites de turismo.
Também não demorou para o ex-atacante, conhecido mais pela língua afiada do que pelos gols, ser convidado para ser comentarista de futebol na televisão. Passou pelo Canal+ e pela France Television ganhando fama por seu estilo ácido, sempre com muitas críticas e poucos elogios a tudo e a todos.
Sua "taca de mestre", porém, veio só nesta temporada, quando ele ganhou seu próprio programa de rádio na Radio Montecarlo, uma das estações de maior audiência na França.
De segunda a quinta, sempre das 18h às 20h no horário local, Dugarry comanda o "Team Duga", no qual sempre tem grandes estrelas e antigos craques do futebol francês para comentar o esporte. E a audiência da atração na para de crescer, principalmente pelo estilo polêmico do apresentador.
Nas últimas semanas, o campeão mundial ganhou as páginas dos jornais esportivos europeus principalmente ao disparar críticas fortíssimas contra o atacante brasileiro Neymar. Após o polêmico jogo contra o Olympique de Marselha, no qual o camisa 10 foi expulso, ele detonou o atleta do PSG.
"Ficou provocando e esqueceu de jogar bola", "parece que está jogando na sala de casa", "logo vai querer escalar o time" e "ele é insuportável", foram só alguns dos "elogios" de Dugarry ao principal jogador da seleção brasileira.
O comentarista também levou os catalães à fúria ao bater forte no Barça, sua ex-equipes.
"Seus dirigentes são estúpidos. No ano passado perderam Daniel Alves, depois perderam Neymar... E há dois anos todas as contratações que fazem são um desastre", disparou o gaulês.
O zagueiro Gerard Piqué foi outro que sofreu com a língua afiada.
"Alguém tem que pedir para que ele pare de ficar falando tantas besteiras, porque faz meses que não joga nada", detonou.
Segundo o jornal Sport, Dugarry é a "bola da vez" na mídia francesa.
"Faz anos que ele se despediu de uma carreira melancólica, mas seu carisma cresceu com o passar dos anos. Hoje, sua imagem é uma das mais reconhecidas no mundo da imprensa esportiva da França", decretou o diário.
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