18º Jogos Olímpicos - 1964 - Tóquio/Japão - Desfile de Encerramento
VIAGEM DE RETORNO
Na mesma noite em que os jogos foram encerrados logo após a famosa maratona, também foi realizado o desfile de encerramento das delegações presentes. Nesse dia fui notificado de que eu seria novamente o porta bandeira da delegação brasileira. Mais um motivo de grande orgulho.
Isso se justificava porque para os desfiles de encerramento, são sempre escolhidos àqueles atletas que mais se destacaram em suas competições. Como o basquete masculino alcançou a unica medalha para o país (bronze), ficou decidido que eu seria novamente o porta bandeira; eu era o capitão.
O desfile de encerramento possui como característica básica o abandono das formalidades de praxe, tais como desfilar em marcha batida e sem cerimônias respeitosas mostradas no desfile de abertura. As delegações entram no estádio misturadas e com demonstrações de intensa alegria.
Sem qualquer formalidade, me vi empunhando a bandeira brasileira e sendo carregado nos ombros por vários atletas brasileiros. Havia um certo ritual a ser cumprido pelos porta bandeiras, só que dessa vez sem qualquer preparação antecipada, apenas fiquei sabendo aonde me posicionar.
A cerimônia de encerramento é muito linda e triste, é a despedida de um povo e a convivência de um mundo esportivo voltando para casa. Lá estava eu, no meio daquilo tudo sentindo saudades da família e pesaroso por tudo aquilo ter terminado. À partir dali só me restava retornar para minha casa.
Como sempre acontece, não posso deixar de contar sobre o nosso retorno ao Brasil. Um dia depois do desfile de encerramento, fomos avisados que sairíamos de Tokio com toque de despertar às 03:00 horas da madrugada rumo ao aeroporto. Arrumamos nossas malas para serem transportadas.

A viagem foi prevista para sairmos de Tokio rumo à cidade de Anchorage no Alaska. Viagem longa, foi quando aproveitamos para terminar a nossa noite mal dormida. Descemos em Anchorage para abastecer a aeronave da Japan Airlines. Em seguida saímos em direção à Kopenhagen pela rota polar.
Naquele mesmo voo estava ao nosso lado a delegação da Polônia. Todos vestidos com os agasalhos de competição. Eles ficaram nas poltronas da frente e nós nas poltronas de trás do avião. Confesso que o odor não era muito agradável, eles não possuíam outra roupa, tempos difíceis do país.
O voo sobre o polo norte foi inesquecível, de longa duração e por demais cansativo, mas até hoje lembro da famosa aurora boreal. Chegamos em Kopenhagen para mais tarde pegarmos um avião da Varig que nos traria de volta para o Brasil com escalas em Lisboa, Dakar, Recife e Rio de Janeiro.
Do Rio de janeiro ainda me restava pegar um outro voo com destino à São Paulo. Posso afirmar que foram muitas horas de voo. Mas tudo valeu à pena parecendo que foi ontem. As lembranças não morreram, muito ao contrário, estão intactas, sempre marcadas em uma medalha de bronze.
Fonte: Wlamir Marques, blogueiro do ESPN.com.br
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