Análise técnica: conheça os reforços "desconhecidos" que chegam ao Brasileirão no pós-Copa
A parada para a Copa do Mundo não serviu apenas para treinamentos e ajustes nas equipes que voltam a disputar o Brasileirão a partir do dia 18 deste mês. Entre uma folga inicial e uma mini pré-temporada, muitos elencos foram modificados. Se por um lado alguns nomes importantes como Vinicius Junior e Arthur rumaram à Europa, por outro, chegaram alguns reforços para a sequência da temporada.
Muitas destas contratações, aliás, um pouco desconhecidas do torcedor brasileiro. Chegaram nomes repatriados da Europa, artilheiro no México e até apostas do mercado sul-americano. Abaixo preparei uma breve análise de alguns destes nomes. Nem todos são gringos, mas tentei ir dentro das características e o que cada um pode oferecer para cada clube. Pontos fortes e fracos, posições preferidas, onde evoluir...
É sempre importante olhar para os contextos antes de analisar individualmente qualquer jogador. Portanto, antes de qualquer verdade absoluta, precisamos sempre levar em conta onde estava e onde chega cada atleta. O modelo, o ambiente, a cultura do clube, a adaptação... Tudo isso é muito importante para dar ou não certo dentro de uma variável muito grande que é o futebol.
Peço perdão se esqueci de algum nome e aceito sugestões para um segundo post com mais perfis - lembrando que os dois estrangeiros que chegaram no Atlético-MG eu já dissequei aqui neste post.
INTERNACIONAL
Martin Sarrafiore – Meia-atacante – 1,80m – 20 anos – canhoto – argentino

Fez uma grande Copa Ipiranga RS na temporada passada, sendo um dos melhores jogadores da competição sub-20 pelo Huracan-ARG.
Sarrafiore é um camisa 10 com grandes atributos de atacante. Uma mescla dos dois, mas com maior essência organizadora. Vai muito bem dentro da área.
Sua posição preferida é atrás do centroavante (pode ser num 4-2-3-1, por exemplo) ou mesmo como um segundo atacante (4-4-2). Não chega a ser aqueles enganches argentinos típicos, que são mais baixos, leves e motorzinhos. É um cara de maior estatura, trabalha mais com a força física no setor. Suporta bem os contatos, algo importante para uma região do campo sempre com muita pressão na bola e encontrões.
Jogador com boa capacidade de criação e finalização. Mostra um bom primeiro toque na bola e tem um bom repertório técnico. Tem qualidade no passe final, com capacidade de achar companheiros em profundidade.
Sem bola ajuda. Dentro do contexto da sua ex-equipe, que tinha como modelo pressionar a saída dos adversários, fazia bem esse papel de puxar as pressões. Pode ser melhor estimulado na reação à perda da posse. Ainda pode crescer neste sentido. É algo para ser trabalhado na sua passagem pelo Internacional.
Não é um jogador rápido e está longe de ser um cara com boas trocas de direção, de ter grande mobilidade. Talvez aí seja o seu ponto mais baixo.
Tem a questão não só de adaptação a um novo país, mas também ao âmbito profissional. Martin ainda não teve experiência neste sentido ainda. Atuou apenas no time sub-20. Mas é um cara que tem potencial. Um perfil que tem qualidades e características ainda a serem potencializadas. Vejo como uma aposta, mas bem interessante.
SÃO PAULO
Joao Rojas – ponta (direita/esquerda) – 1,72m – 29 anos – destro – equatoriano

Já tem uma certa rodagem no futebol, inclusive com experiência em Copa do Mundo. Esteve entre os convocados do Equador no Mundial de 2014. O ponto alto de sua carreira foi durante a passagem pelo México. Lá marcou 44 gols e ajudou Monarcas e Cruz Azul com 37 assistências.
É um ponta mais característico. Jogador de velocidade e que busca muito o 1x1. Bem agudo e vertical, é mais criador que finalizador. Atleta leve, com boa troca de direção e projeção nos espaços. Pode atuar pelos dois lados do campo. Pelo Talleres-ARG, seu último clube, terminou a temporada mais pela esquerda. Nesta posição, buscava centralizar mais as jogadas, trazendo para o pé bom (direito). Foi possível vê-lo flutuando muito para o centro, tentando o lance pessoal ou passe em profundidade.

Neste sentido mostrava algum problema nas tomadas de decisão. Questão de escolher a melhor a jogada. Vai melhor quando prende menos a bola. Tem uma jogada bem característica: de recuar pela ponta na iniciação, escorar e de primeira e atacar as costas do lateral. Vai bem assim. Faz bem as diagonais para dentro e tem certa chegada na área.
Pelo lado direito, como vem treinando no São Paulo, fica um jogador mais de fundo do campo. Vai buscar a finta e o cruzamento, com maior enfoque na preparação das jogadas.
Sem bola é um cara que faz bem o retorno pelo corredor e ajuda o lateral a não ficar no 2 contra 1. A sua reação depois da perda da bola pode ser melhorada. Às vezes demora um pouco, mas é algo que pode ser assimilado e concertado. Não tem uma relação com a bola exuberante, mas vai bem na condução da mesma. Pode ser um bom escape nas transições ofensivas.
Pelos moldes do negócio – pelo que parece veio à custo zero -, Rojas é uma boa aposta e pode ser uma peça importante na composição do elenco, que teve as perdas de Marcos Guilherme e Valdivia. É um cara para ajudar, mas não creio que seja para resolver. Tem sua utilidade e pode se beneficiar do modelo de jogo atual do São Paulo, que usa bem a velocidade pelos lados e costuma se dar melhor quando aposta num jogo mais reativo.
FLAMENGO
Fernando Uribe – centroavante – 1,82m – 30 anos – canhoto – colombiano

Centroavante com características bem diferentes do Henrique Dourado. Dará boa profundidade ao elenco, oferecendo outras alternativas para a posição (não se sabe ainda se o Guerrero continua).
Foi muito bem nos seus dois últimos clubes: Once Caldas-COL e Toluca-MEX. Marcou 74 gols em 145 partidas.
Muito se fala que sua saída do México se deu por conta do mau relacionamento com o treinador. O negócio parece ainda mais vantajoso pelo fato de o Flamengo o trazer a custo zero, já que o colombiano estava em fim de contrato – claro que existe as luvas, que geralmente causam um gasto maior ao clube. Mas, dependendo do que pensa Barbieri, me parece um cara que chega pronto para jogar. Ainda mais que o atual titular ainda não conseguiu ter um desempenho dos melhores.
Uribe é um centroavante mais móvel. Mais leve. Se mexe muito no campo ofensivo.
Sai da área para trabalhar no espaço entrelinha, nas costas dos volantes. Procura abrir linhas de passe ali para ajudar na construção. Não é um cara de grande imposição física, por isso não retém muito a bola de costas, como um pivô. Prefere executar rápido, de primeira ou com dois toques. Geralmente aparece, escora a bola e já ataca espaços na área.

Longe de ser o típico 9 grandalhão e mais pesado, tem uma ótima explosão no arranque para atacar profundidade e antecipar bolas rápidas na área. Essa talvez seja sua grande característica. É um cara muito ligado. É elétrico. Está sempre buscando o melhor posicionamento na área e geralmente chega primeiro que o zagueiro se acionado em velocidade.
É um cara que busca a infiltração e recebe bem a bola no ponto futuro. Não tem um grande repertório técnico e capacidade de improviso, mas costuma ser simples em suas ações. Não “mata” o jogo da equipe duranta construção.
Apesar de não ser dos mais altos e fortes, Uribe tem boa impulsão. Se acionado com bolas mais rápidas, tende a ganhar pelo alto dos defensores por sua agilidade. É um cara que depende do tipo de jogada que chega até ele. A equipe precisa entender o tipo de bola que ele costuma levar vantagem, se não tem dificuldades para se impor entre os zagueiros.
Sem bola é um jogador muito proativo. É agressivo, está sempre pressionando e causando dificuldades ao portador da bola. Incomoda bastante, está sempre brigando. Logicamente que um centroavante precisa ter outras qualidades, principalmente fazer gols, mas julgo ser um aspecto importante no seu jogo.
PALMEIRAS
Nicolás Freire – zagueiro – 1,86m – 24 anos – canhoto – argentino

Chega da Holanda depois de um bom início na Eredivisie. Individualmente foi bem no começo da temporada, mas muito amparado também ao bom momento da sua equipe. O PEC Zwolle costumava até atuar com uma linha defensiva mais alta. Depois o modelo foi perdendo a consistência e seu ex-clube terminou a temporada na nona colocação. Isso impactou muito na confiança do próprio zagueiro. Seu rendimento caiu um pouco nas rodadas finais, assim como todo aspecto coletivo da equipe.
Freire é um zagueiro com uma boa capacidade técnica para a posição. Boa relação com a bola e principalmente com capacidades para iniciar as jogadas. Busca um passe mais vertical e acha companheiros nos espaços ofensivos. É até um pouco acima da média neste sentido para o mercado brasileiro. Tende a ajudar neste aspecto do jogo, principalmente dentro de um modelo que busca mais propor do que reagir.
Tem uma boa leitura das jogadas para cobrir profundidade e encurtar coberturas. É um cara que entende bem o jogo, toma boas decisões e não se precipita toda hora. É agressivo, mas exerce essa qualidade nos momentos certos.
Por outro lado, não é um defensor muito físico. Inclusive tem alguma dificuldade para se impor em alguns momentos, principalmente nas bolas pelo alto. Busca a antecipação através da leitura. Acabou desenvolvendo isso por não ser um cara tão físico nos duelos. Acaba compensando de alguma maneira. Mas de fato é algo que preocupa pelas características do nosso futebol.

Mostra um bom aspecto de liderança dentro da partida. Na Argentina, pelo Argentinos Juniors, por exemplo, chegou a ser capitão. Era um cara bem comunicativo, que falava muito em campo, buscava organizar o setor.
Pelo molde do negócio – empréstimo de 1 ano com opção de compra -, parece ser mesmo uma aposta. Não o vejo chegando e tomando conta da posição, mas é um cara que pode ajudar na composição do elenco e se desenvolver dentro do próprio Palmeiras. Ainda tem alguns aspectos a melhorar e tem algum potencial para evoluir. Se conseguir desenvolver algumas deficiências, pode se firmar.
CORINTHIANS
Danilo Avelar – lateral-esquerdo – 1,85m – 29 anos – canhoto – brasileiro

Atleta com longa rodagem pelo futebol europeu. Experiências na Ucrânia, Itália, Alemanha e na França. Estava no Amiens-FRA, com certa consistência de minutos jogados nos últimos anos, principalmente no futebol francês. Tem características importante para dar equilíbrio ao elenco. Tem um perfil bem diferente do Juninho Capixaba, com quem vai brigar por espaço após a Copa do Mundo.
Lateral mais base. Jogador equilibrado, que se destaca mais pelos aspectos defensivos. Costuma trabalhar mais por trás, na base da jogada, organizando e iniciando as construções. Tem uma boa leitura dos espaços, se comporta bem na linha defensiva. Sabe fechar bem ali, algo importante dentro do contexto do Corinthians das últimas temporadas. Esteve em ambientes que o estimularam a isso. Pode até jogar numa linha mais avançada, mas aí gerando mais imposição no meio. Longe de ser ponta de velocidade.
Jogador mais de imposição física, vai bem no contato e tem bom desenvolvimento do seu jogo pelo alto. Inclusive aumenta bem a estatura da linha defensiva, algo importante, até reforçando as bolas paradas defensivas.

Relação com a bola é média. Não é um cara com grande capacidade de desequilíbrio com a posse. Tem um passe seguro, não arrisca muito. Quando avança no campo, vai mais na força. Tem até um bom cruzamento. Costuma achar bem os companheiros neste sentido, sempre com uma uma bola mais rápida. Não é um cara de grande condução da bola, prefere tocar e projetar. Não tem grande capacidade na troca de direção. É mais pesado.
Me parecia mais um jogador para compor o elenco, ainda mais por se tratar de um setor bem carente no Corinthians. Mas agora, com a saída de Sidcley, deve já iniciar sua passagem como titular, já que Juninho Capixaba ainda não conseguiu se firmar. Vem por empréstimo, até dentro da realidade financeira do clube, que não é das melhores.
Jonathas – centroavante – 1,90m – 29 anos – destro – brasileiro

Já esteve na mira do Corinthians antes. Em 2015, após marcar 14 gols no Campeonato Espanhol pelo pequeno Elche, chegou a negociar com o clube. Na época, sem contrato, acabou indo para a Real Sociedad, onde não se firmou totalmente. No Rubin Kazan da Rússia, por outro lado, conseguiu maior sequência.
Sua passagem pelo Hannover (seu último clube) foi muito minada por lesões. Fez 12 jogos na Bundesliga, sendo sete como titular e com três gols marcados. A falta de oportunidades acabou abrindo o caminho para voltar ao Brasil.
Revelado pelo Cruzeiro, Jonathas é um centroavante bem característico. Estatura muito boa para a posição. É um cara com ótima imposição física. Vai bem no contato, busca a retenção e proteção da bola quando acionado. Tecnicamente não tem grandes recursos, até por isso, busca escorar as bolas com simplicidade. Não inventa muito e está longe de ser um atleta com grandes qualidades criativas.
É muito mais terminal. Quando constrói, o faz de costas, retendo e achando opções de passe mais próximas. Apesar de ser bem alto, não é um jogador totalmente lento. Tem uma boa força no arranque em distâncias curtas. É um cara para jogar no limite da linha defensiva, para infiltrar e antecipar os zagueiros. Gosta de puxar no primeiro pau na hora de finalizar.

Por outro lado, está bem longe de ser um jogador com bola agilidade. Tem problemas na troca de direção. Também não tem grande característica de 1x1, de ganhar do oponente com o drible. Vai mais na força do que na habilidade.
É um bom alvo nas disputas de primeira bola (tiros de meta, saídas de laterais...). Se impõem em jogadas aéreas, vai bem neste sentido.
Sem a posse é um jogador agressivo. Reage bem às perdas da posse. Busca pressionar a bola, ajudar na recuperação. No entanto é um pouco afobado neste sentido. Não tem grande cacoete para marcar/desarmar e acaba fazendo muitas faltas.
A grande questão é observar sua readaptação ao futebol brasileiro e, principalmente, como chega fisicamente. Não é um cara com uma carreira muito regular, mas com algumas boas temporadas na Europa. Conseguiu ser influente no jogo de algumas equipes. Em outras, não se firmou.
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Fonte: Renato Rodrigues, do DataESPN
Análise técnica: conheça os reforços "desconhecidos" que chegam ao Brasileirão no pós-Copa
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