Força física e muita história em mais um clássico polonês

As torcidas polonesas costumam promover belíssimos espetáculos nas arquibancadas, assim como muita confusão pelas ruas. Em 2017, uma manifestação da torcida do Legia contra o nazismo, em um jogo contra o Astana pelo qualificatório da Champions League, relembrando as dezenas de milhares de mortos em Varsóvia, foi impactante. Em um gigante banner, surgiu a imagem de um oficial nazista com a arma apontada para a cabeça de uma criança.
O futebol é tratado com fanatismo no país e forma de expressão nacional, e isso torna as rivalidades entre os principais clubes enormes. No último sábado, o Legia visitou o Wisla, em Cracóvia, sem torcida nas arquibancadas devido à pandemia de coronavírus. Não é o maior clássico da Polônia, mas mantém rivalidade entre as cidades e também pela força histórica dos dois clubes - 14 e 13 títulos nacionais, respectivamente, entre os quatro maiores vencedores.
Atual campeão, o Legia (pronuncia-se "léguia") venceu o Wisla por 2 a 1 e se manteve na liderança da Ekstraklasa, com 29 pontos em 13 rodadas. Já o Wisla é apenas o 13o, com 11 pontos, próximo da 16a e última posição.
"Sabíamos que seria um jogo muito difícil, porque eles estavam há cinco rodadas sem vencer e colocariam tudo dentro de campo para tentar nos vencer. Não foi diferente. Na primeira parte eles pressionaram muito, foram muito bem, não à toa saíram ganhando. A nossa equipe está bem focada no objetivo principal, então nos concentramos no jogo e conseguimos virar", explica o atacante Luquinhas, de 24 anos, com carreira feita em Portugal (Vilafranquense, Benfica e Aves).
O primeiro gol do jogo saiu aos 12 minutos, após recuperação de bola do Wisla no campo de ataque, que resultou em cruzamento na grande área do cazaque Georgy Zhukov e a finalização do ganês Yaw Yeboah, formado na base do Manchester City. No geral, o Legia teve mais posse de bola (61%) e finalizou mais (13 x 7).
Luquinhas conversou com o blog na noite de domingo, já curtindo a folga após a vitória. No segundo tempo, o Legia marcou duas vezes, aos 36 e 44, com o centroavante tcheco Tomás Pekhart.
"Ele está sendo uma peça fundamental na nossa equipe. Terceiro ou quarto jogo que ele marca gols decisivos. Ele se tornou a nossa referência na frente. Quando os extremos pegam a bola, o treinador já falou para buscar o Tomás dentro da área. Quando eu puxo para dentro, é só colocar a bola no alto que tem 50% de chance de gol", explica o atacante brasileiro, que joga aberto pela esquerda no 4-3-3 do Legia. Pekhart está com 31 anos e foi descoberto pelo Tottenham, ainda na base do Slavia Praga - desde fevereiro está na Polônia.
O futebol polonês é bastante caracterizado pela força física. Os atletas são muito bem preparados e fortes fisicamente, além de bem organizados taticamente em campo. "O estilo de jogo aqui na Polônia é mais porte físico, jogadores altos e fortes. Em Portugal o estilo era completamente diferente, com mais espaço e posse de bola. Quando recebi a proposta do Legia, fiquei meio assim por causa disso. Sou pequeno, tenho 1m68, mas quando cheguei aqui percebi que dava para ter qualidade e porte físico", garante Luquinhas, contratado pelo clube de Varsóvia no início da temporada passada. Apesar do talento do brasileiro e os gols de Pekhart, o grande ídolo na atualidade do Legia - clube historicamente ligado aos militares poloneses - é o veterano goleiro Artur Boruc, ex-Fiorentina, de 40 anos.
A capital polonesa é também a maior cidade do país, localizada às margens do rio Vístula, entre as montanhas do Cárpato e o mar Báltico. Seus quase dois milhões de habitantes respiram a história de resistência, luta e sofrimento infligidos pela Segunda Guerra Mundial. Varsóvia foi destruída nesse período, com cerca de 85% das edificações arrasadas. Estima-se a morte de 150 mil a 200 mil civis. A construção do Gueto de Varsóvia e a Revolta de Varsóvia são dois eventos extremamente importantes e impactantes na história do conflito. A ocupação alemã, que começou em setembro de 1939, terminou apenas em janeiro de 45 com a chegada do Exército Vermelho.
A Ekstraklasa terá apenas mais uma rodada disputada neste ano, no final desta semana. Depois faz a necessária pausa para o rigoroso inverno polonês.
Fonte: Gustavo Hofman
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