Com investimento de Berlusconi, Monza tenta alcançar a elite italiana pela primeira vez

Silvio Berlusconi é um daqueles personagens globais de difícil definição. Sem dúvida, o cargo mais importante que já ocupou foi o de primeiro-ministro da Itália. O mega empresário no ramo da comunicação acumula muitas polêmicas em seus 84 anos de vida e sempre terá seu nome ligado ao futebol.
Afinal, foi sob sua gestão que o Milan teve alguns dos maiores times da história e ampliou absurdamente a sala de troféus. Depois de deixar os rossoneri em 2017, parecia que manteria distância do calcio, mas não conseguiu. Ao comprar o Monza no ano seguinte, colocou o pequeno clube da Lombardia sob holofotes nacionais e a curiosidade internacional.
Neste final de semana, o Monza entrou em campo pela sétima rodada da Série B. O clube garantiu o retorno à segunda divisão italiana na temporada passada pela primeira vez desde 2000-01. Os investimentos para que isso acontecesse foram grandes e tendem a aumentar para alcançar o objetivo maior, que é estar na Série A.
O adversário no sábado foi o Frosinone, rebaixado da elite italiana no ano passado. Poderia ser um jogo qualquer, se não fosse o treinador adversário. Alessandro Nesta, um dos símbolos do Milan de Berlusconi nos anos 2000, é o comandante da pequena equipe da região da Lazio. Aos 44 anos, tem sua terceira experiência como técnico, após passagens pelo Miami FC na North American Soccer League (NASL) e pelo Perugia na própria Série B. Quem está à frente do Monza é o ex-volante contemporâneo de Nesta com a camisa rossonera, Cristian Brocchi, que subiu da terceira divisão para a segunda com o time.
Silvio Berlusconi levou o irmão mais novo, Paolo, para ser o presidente do clube e seu velho parceiro Adriano Galliani para o cargo de CEO. Gastou bastante para reforçar o Monza e deixá-lo com condições de um acesso direto: levou do Corinthians, por 4 milhões de euros, o lateral-esquerdo Carlos Augusto, e convenceu o veterano Kevin-Prince Boateng, de 33 anos, a encarar a segundona italiana. Fora tantas outras contratações, como os atacantes Mirko Maric (Osijek, 4,5 milhões), Dany Mota (Juventus sub-23, 2,3 milhões) e Christian Gytkjaer (Lecu Poznan, livre), além do meio-campista José Machín (Parma, 4 milhões).
Todos estiveram em campo na vitória por 2 a 0 sobre o Frosinone. Brocchi arma o time no 4-3-1-2 e dá total liberdade para Boateng ser o meia-armador. A jogada do primeiro gol, aos cinco minutos do segundo tempo, passa pelos seus pés na intermediária ofensiva e vai para a esquerda, onde Carlos Augusto dá a assistência para a finalização de Gytkjaer. O segundo gol foi belíssimo: chapéu do ganês em Andrea Beghetto no campo de defesa e passe para Dany Mota atrás da linha de meio-campo; o português passou por dois jogadores, invadiu a grande área e tocou na saída de Francesco Bardi.
O jogo acontece muito também com a participação de Marco Fossati, ex-Verona e no clube desde 2018, responsável pela saída de bola próximo aos defensores. Vale citar também a presença do veterano zagueiro argentino Gabriel Paletta, de 34 anos, na escalação.
"É um time feito para ganhar o campeonato. Berlusconi escolheu o Galliani e, como sempre, 'faz o que você quiser que eu coloco o dinheiro'. A intenção é chegar na Série A para dizer a todos que 'eu faço acontecer'. Fez contratações importantes, mas a Série B não é tão fácil assim", explica Andersinho Marques, jornalista brasileiro radicado em Milão e comentarista da Sport Mediaset.
O Stadio Brianteo, palco da partida, já passou por algumas transformações para melhoria. Monza fica nos arredores de Milão e, no esporte, é muito mais conhecida pelo circuito de Fórmula 1. "Se dezembro chegar e o Berlusconi perceber que o time pode não subir, ele troca o treinador e contrata mais dez, vinte jogadores. Ele quer estar na Série A no ano que vem e já disse que o sonho é jogar no San Siro. Dinheiro ele tem para montar um time em alto nível", completa Andersinho Marques.
Definitivamente a segunda divisão italiana é uma competição dificílima. Muito disputada fisicamente e também taticamente. O confronto entre Monza e Frosinone expôs ideias e planos diferentes: enquanto Brocchi optou por uma linha de quatro defensores, Nesta montou sua equipe no 3-4-1-2. O Monza teve mais posse de bola (55%) e mais finalizações (12 x 10, 6 x 1 no alvo). Superou também seu próprio índice de xG (Expecteg Goals) no jogo ao marcar duas vezes (1.07), mas teve um adversário que chegou muito à sua área. No final das contas, vitória extremamente importante por ser um confronto direto na luta pelo acesso.
A tabela da Série B italiana tem o Empoli na liderança após sete rodadas com 16 pontos. Na sequência aparecem Chievo (14), Frosinone (13), Lecce (12) e SPAL (12). O Monza, após início ruim, somou a segunda vitória consecutiva e agora é o nono colocado, com nove pontos. Jamais o clube esteve na primeira divisão.
Com investimento de Berlusconi, Monza tenta alcançar a elite italiana pela primeira vez
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